28.11.19 - "Sinpol em Casa" visita Márcia Pimenta

Da Comunicação Sinpol-DF

Foi no meio da tarde de quarta, 27. A agente de polícia aposentada Márcia Pimentel vestiu uma roupa especial e caprichou na maquiagem. Já estava de saída para acompanhar a solenidade em que um familiar seria homenageado, quando vários policiais civis chegaram na sua porta. O primeiro momento foi de choque – pela expressão no rosto, ela não sabia o que estava acontecendo nem o que fazer.

Demorou um pouco, mas então caiu a ficha de que a tal solenidade não existia; foi tudo combinado com a família. Era, na verdade, uma visita surpresa do “Sinpol em Casa”. Do choque à emoção, vieram, então, as lágrimas – afinal tinha ali uma dúzia de policiais para homenageá-la.

Não foi por acaso que tantos colegas decidiram participar do momento: por onde passou, Pimentel, como era conhecida na instituição, sempre deixou sua marca de pessoa querida e policial exemplar. Entres os participantes da visita que tiveram a oportunidade de trabalhar com ela, o reconhecimento dessas características foi unânime.

“Nós convidamos vários colegas e todos confirmavam. Isso só demonstra o quanto ela é querida e respeitada”, destacou Sueli de Barros, diretora do Sinpol-DF. “Foi muito bom trabalhar e aprender o tanto que aprendi com você. Em nome de todos os policiais civis, estamos aqui para dar o nosso muito obrigado pelo seu trabalho, que, com certeza, fez muita diferença na Polícia Civil”, acrescentou Sueli.

Além dela, os diretores Marcos Campos e José Carlos Saraiva também estavam presentes. Como de praxe, a policial aposentada recebeu um broche e um certificado de agradecimento do sindicato, além de uma réplica em miniatura do novo modelo de viatura da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Hoje dirigentes do Sinpol-DF, Marcão (à esq.) e Sueli (à dir.) foram colegas de trabalho da aposentada

SURPRESA

“Eu realmente fiquei muito surpresa, mas amei e nunca mais vou me esquecer. Daqui a anos, eu tenho certeza que vai me voltar a lembrança desse dia”, afirmou Pimentel. “Eu nunca fiz nada pensando em ser reconhecida, fazia porque era o meu trabalho, mas fico muito honrada em saber que as pessoas têm essa visão de mim”.

E, de fato, era essa a visão de todos. “Ela era sempre muito correta, pontual, rígida, eficiente e competente. Nota dez como profissional e como amiga também”, reconheceu a policial Fabíola Taveira. Apesar de terem trabalhado juntas durantes anos, a agente destaca que “Pipi”, como as amigas mais próximas a chamam, sempre foi extremamente discreta. “Nós não sabíamos, por exemplo, que ela tinha familiares na Polícia, para você ver como ela nunca usou isso como influência no trabalho”.

Na verdade, várias pessoas na família de Márcia são da Segurança Pública. O pai era delegado e um dos irmãos é agente de polícia. Além disso, um irmão é técnico penitenciário, um é policial militar e outro foi bombeiro militar. Foi esse irmão bombeiro que a ajudou no preparo físico para o concurso da Polícia Civil. Ele acabou morrendo em serviço e, como homenagem, ela decidiu adotar o nome de guerra dele – foi daí que veio a “Pimentel da PCDF”.

Ladeada pelos filhos, Márcia exibe a homenagem prestada pelo Sinpol-DF

JORNADA

Segundo ela, a influência paterna foi preponderante para que decidisse ser policial. Quando tinha entre 11 e 12 anos, ela estava na feira com o pai, quando ele foi chamado para uma cena de um crime. Márcia desobedeceu a ordem de ficar no carro e acabou entrando no local onde estava o corpo de uma mulher que tinha sido vítima de homicídio. O que poderia ter sido um trauma, na verdade, desencadeou um projeto de vida: ela também queria se tornar policial e investigar homicídios especificamente.

Não foi um sonho que realizou facilmente. Antes de entrar na PCDF, ela trabalhou dois anos na Secretaria de Administração e, depois, 13 na Secretaria de Educação. “Eu até gostava de lecionar, mas me realizei mesmo foi com o trabalho policial”, revela Pimentel. Quando ingressou na instituição, em 1996, ela chegou a pedir para ser lotada na antiga Delegacia de Homicídios (DH), “mas novinho não podia escolher”, conta.

A agente acabou indo para antiga Delegacia de Defraudação e Falsificação (DEF), onde ficou por oito anos. Depois, atuou na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam); Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações (DRPI), gabinete do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema). Mas não parou por aí: nos últimos anos antes da aposentadoria, ela trabalhou justamente na DH. 

“Eu acabei passando por várias outras delegacias, mas terminei me aposentando onde eu queria”, relata Pimentel. Apesar de tantos anos de trabalho, ela afirma: “entrei com toda a garra, porque era o que eu realmente queria. E saí com toda a garra também, porque era o que eu amava fazer”.

Grupo fez visita surpresa a Márcia, conhecida por “Pipi” no meio policial

EXEMPLO

“Ela sempre foi uma profissional excelente. Muito íntegra e sempre destemida. Não tinha nada que a impedisse de resolver as situações, por mais complicadas que pudessem ser”, lembrou a agente de polícia aposentada Marlene Espíndola. “Se a chamássemos para resolver qualquer coisa, ela acompanhava sempre, sem preguiça e sem medo. De madrugada, ou a hora que fosse, ela estava sempre disposta”, acrescentou Rosanita Nogueira, outra colega aposentada também presente na visita.

“Ela era muito competente e extremamente perfeccionista”, pontuou João Pedro Mendes, que foi chefe de Pimentel na então DH, atualmente Coordenação de Repressão aos Homicídios e Proteção à Pessoa (CHPP). Segundo o agente, “os relatórios dela eram verdadeiros modelos e todos aprendiam com ela no trabalho”. Ele lembra que a discrição e dedicação dela eram tamanhas que os colegas nem tinham dimensão das dificuldades que ela vivia – referindo-se à “jornada tripla que ela enfrentava”.  

Em 1988, o marido de Márcia, Odilon, sofreu um acidente de moto e ficou tetraplégico. Além dos dois filhos, Caleb e Camila, na época com três e dois anos, ela passou a cuidar do esposo, que era dependente de tudo, pois não podia andar, falar e tinha que ser alimentado por sonda. Foi assim por quase trinta anos, até que ele faleceu há cerca de um ano e meio. 

Tudo isso ela fez sem abrir mão de trabalhar e sem deixar que a vida pessoal comprometesse a qualidade do serviço. Por isso, para todos os participantes, a homenagem do Sinpol em Casa não poderia ser mais justa. Além de diversos familiares, ainda estavam na visita Tatiana de Albuquerque, mais uma agente de polícia que trabalhou com Pimentel; Patrícia Azeredo, integrante da Capelania da PCDF; Conceição Lima, assistente social da Policlínica; e Alvino Oliveira, agente de polícia aposentado, presença frequente do projeto.

O irmão de Márcia, também policial civil, Flávio Henrique Pimentel, resumiu o sentimento de orgulho de toda família. “Ficamos muito felizes em ver que o que nós achamos os outros também acham. Como irmã, ela é uma pessoa maravilhosa. Como mãe e esposa, ainda mais. Agora, ouvindo tudo o que os colegas enxergam dela como profissional, nós só podemos ficar orgulhosos”.

 

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