Do Jornal de Brasília

insegurança pública rouba a paz do brasiliense. Nem mesmo o Anexo do Palácio do Buriti está protegido da ação de criminosa. Afinal, caixas eletrônicos no edifício foram explodidos por ladrões na semana passada, em plena madrugada de 24 de julho. Os problemas não atingem apenas a população, mas também afligem os próprios servidores das forças de segurança de pública. Neste angustiante cenário, o assunto terá plenas condições de rivalizar com o caos na saúde na decisão dos votos dos eleitores nas urnas de outubro.

Jornal de Brasília ouviu as propostas para segurança de sete candidaturas de médio e grande porte na corrida pelo próximo Governo do Distrito Federal (GDF). Um gatilho para a crise na segurança é a insatisfação salarial entre as forças. Entre os sete pretendentes ao Palácio do Buriti, cinco prometem claramente aumentos de vencimentos, a exemplo da paridade entre a Polícia Civil com a Polícia Federal. A Lista inclui: Eliana Pedrosa (Pros), Fátima Sousa (Psol), Izalci Lucas (PSDB), o general Paulo Chagas (PRP) e Peniel Pacheco (PDT). Por outro lado, Alexandre Guerra (Novo) fala que os servidores precisam ser bem pagos, sem entrar em detalhes. Enquanto isso, o candidato à reeleição, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não entra neste assunto.

Os quadros de segurança, principalmente na Polícia Militar, não cresceram na mesma proporção da população do DF. Este déficit é agravado pelas imposição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Pois freia a possibilidade de novos concursos públicos para ampliar os quadros. Brasília ainda sofre com uma explosão de pedidos de aposentadoria e reserva de agentes da segurança, com receio dos efeitos da reforma previdência local e nacional. Neste cenário, todos os candidatos apostam em investimentos em tecnologia para compensar.

Chama a atenção que vários dos candidatos citam o uso de drones nas ações de patrulhamento. Dois candidatos mostraram preocupação direta com os problemas do suicídio e das ameaças à saúde mental de policiais e bombeiros. Um deles é Paulo Chagas, que aposta em um comando em perfeita sincronia com a tropa. Por outro lado, Fátima Sousa já desenhou linhas de ação no plano de governo. Ironicamente, o primeiro representa a extrema-direita e a segunda a esquerda mais aguerrida. Eliana Pedrosa, Izalci Lucas e Peniel Pacheco apostam de maneira mais contundente na integração de ações de educação e geração de emprego para afastar jovens e crianças do crime.

Alexandre Guerra (Novo) promete valorizar policiais

“É muito importante mostrar que esses servidores públicos são importantes para a sociedade. Precisam ser bem pagos. Estão na cidade para garantir combate ao crime e a população deve confiar neles”, explica. Investimentos em tecnologia estão na agenda. Serão, diz, implantadas as unidades móveis comunitárias, contando inclusive com drones. Policiais fora das funções legais voltarão para a linha de frente. O policiamento será priorizado em áreas de escolas e comércio de rua. Guerra apresentará um plano de reequipamento e de manutenção de viaturas e equipamentos. Neste contexto, o governo adotará programas de gestão estratégica no mesmo compasso com um sistema de câmeras. “O mais importante de tudo é aproximar os cidadãos de bem da polícia. Quem deve temer as forças da lei são os bandidos, não os habitantes do DF”, afirma.

Eliana (Pros) revive tese da paridade total

Eliana Pedrosa pretende sanar as perdas salariais das forças de segurança, buscando o equilíbrio entre os servidores. Neste sentido, estão em pauta a paridade entre a Polícia Civil com a Polícia Federal. Na caso da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros será analisada a redução do interstício para promoções, no caso de vagas em aberto. Além da volta da dupla “Cosme e Damião”, serão feitos investimentos em tecnologia, como o uso de drones e de aplicativos para a comunicação direta entre a comunidade e as forças de segurança. Também serão lançados programas de incentivo para policiais civis aposentados voltarem para delegacias, bem como serviço voluntário para o quadros da ativa. A segurança estará sincronizada com a proposta de educação em tempo integral. Além disso, serão criados Centro Integrados de Atendimento de Cidadania, unindo escola, Na Hora, unidade básica de saúde, PM e restaurante comunitário. Também haverá um investimento em iluminação.

Inteligência resolve tudo, acha Fátima (PSOL)

O pilar da proposta de Fátima Sousa é a inteligência. O planejamento será norteado por um princípio: “Saber ouvir a população”. Na tônica da prevenção, buscará retomar o programa de entrega voluntária de armas e o policiamento nas escolas. Fátima também planeja atender as demandas salariais de policiais e bombeiros, vinculadas a metas e resultados. Enfrentamento do racismo, homofobia, discriminação de gênero, assédio sexual e moral dentro das forças de segurança. Quer implantar programas de prevenção do suicídio de policiais, bem como ações para garantir a saúde mental dos servidores. Reformulação do sistema prisional junto com a implantação da Central Integrada de Alternativas Penais e programas para aumentar as chances de reinserção dos egressos de presídios. O governo também focorá em medidas de controle da violência contra a mulher e a população LGBT. Além de melhores equipamentos, os servidores terão capacitação constante.

Aposta de Izalci (PSDB) é mais integração

“Tudo começa com a integração, valorização e a convivência harmônica da Polícia Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros”, conta Izalci Lucas. Recomposições salariais, como a paridade de policiais civis com a PF estão na pauta, conforme exista dinheiro em caixa. O tucano planeja investir pesado em tecnologia, por exemplo em câmeras, rádios e um centro de controle de inteligência. “O envolvimento com a comunidade deve ser total. Mas nada de Cosme e Damião. Hoje isso é demagogia. Teremos drones para ampliar a vigilância”, dispara. O plano de governo também cita a compra de equipamentos para os servidores, como coletes e viaturas. Ainda serão propostos convênios com os municípios da Região Metropolitana para acabar com as constantes fugas de bandidos pelas fronteiras. Ainda no tema parceria, o Izalci buscará projetos com as Forças Armadas. Para evitar a geração de novos criminosos haverá reforço na educação e na geração de empregos.

General Paulo Chagas (PRP) confia em um comando forte

Sem comando forte e coerente, a segurança fica completamente desorganizada. Assim pensa Paulo Chagas. Neste sentido, ele pretende nomear um secretário de Segurança com “ascendência”. O nome pode vir da PC, PM, PF ou até mesmo das Forças Armadas. “Não se lidera de cima para baixo. E um líder estará junto. E vai se antecipar aos problemas e ao estresse da tropa”, declara. A primeira missão será a integração, seguida pelo investimento em equipamentos. “Vamos transformar a segurança em um bloco harmônico”, afirma. Chagas pretende barrar a influência da política dentro de quartéis e delegacias. Segundo o general, quem trabalha com segurança precisa ter espírito de corpo. “A paridade é um problema de origem. Tem que ser reestruturado. Não é possível resolver a questão da Policia Civil, e não equalizar os problemas com PMs e bombeiros. Não existe força que seja mais importante do que a outra. Elas se complementam”, comenta.

Mapear em tempo real é tese de Peniel (PDT)

Peniel Pacheco julga que o mais importante é a criação de um sistema de vigilância eletrônico aliado a um sistema de inteligência que possa fazer um mapeamento em tempo real as áreas de maior risco da cidade. “Já temos um pouco disso para o trânsito”, pondera o candidato. Neste mesmo ritmo, o governo vai injetar recursos para melhorar os aparelhos das forças. Haverá o remanejamento de policiais da área administrativa para projetos de prevenção e policiamento ostensivo. A equiparação entre a Policia Civil e a Federal estará no horizonte. “Vamos associar as gratificações, paridade com resultados positivos. O incentivo será condicionado a metas, como se fosse ganho por produtividade”, detalha. Para afastar jovens da condição de crime, haverá investimento em escolas em tempo integral e programas para o primeiro emprego. O governo também buscará parcerias e a integração com as prefeituras da Região Metropolitana no combate contra o crime.

Rollemberg (PSB) quer manter sua política

“Em um segundo mandato, daremos continuidade à política de estruturação e fortalecimento das forças de segurança, com a inserção de dois mil novos policiais nas ruas”, comenta Rodrigo Rollemberg. Segundo o atual governo, houve investimento na melhoria de equipamentos, como novas viaturas e coletes. Assim, a promessa é de continuidade na estruturação. “Reforçaremos ainda o trabalho do Centro Integrado de Operações (Ciob), pensando sempre na união do tripé inteligência, tecnologia e informação. Além disso, nossa experiência mostra que não se faz segurança pública de forma isolada. Haverá cada vez mais integração de políticas públicas na área de cultura, cidadania, assistência social e infraestrutura no âmbito do Pacto pela Vida. Essa sinergia é que garante melhores indicadores”, conta. Novos programas com foco integrado na segurança estão em fase de gestação. Contudo, Rollemberg pretende mostrá-los ao longo da campanha.

 

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