Ato ocorreu no Complexo da PCDF e das demais delegacias do Distrito Federal | Fotos: Comunicação/ Sinpol-DF

Manifestando-se sobre as últimas medidas do governo federal em prejuízo à categoria, a promessa de Reforma Administrativa e a vacinação contra a COVID-19, os policiais civis do Distrito Federal se fizeram ouvir na tarde desta segunda, 22, ao aderir de forma massiva ao “Lockdown da Segurança Pública”.

O ato ocorreu das 15h às 16h – de forma simultânea em todo o país – e, em Brasília, foi coordenado pelo Sinpol-DF. O sindicato orientou a categoria a interromper as atividades durante o período deslocando-se para a frente das unidades de trabalho, a fim de tornar suas reivindicações públicas.

“Policiais civis fora da PEC Administrativa”; “Os policiais estão na linha de frente do combate à Covid”; “Vacinação já! Policiais são três vezes mais contaminados” foram algumas das reivindicações expostas em faixas que, durante o fim de semana, o Sinpol distribuiu em todas as delegacias do DF.

O principal ponto de concentração, no entanto, foi no Complexo da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), onde centenas de servidores se manifestaram. Foi apenas uma hora de paralisação, mas foi também suficiente para que deixassem clara a insatisfação com as medidas do governo federal que já têm prejudicado e, potencialmente, prejudicarão ainda mais a categoria.

Em diversas unidades policiais, os servidores atenderam ao chamado do sindicato

REIVINDICAÇÕES

“Nós estamos sendo bombardeados com medidas que tiram vários dos nossos direitos. Então nós não podemos esperar mais. Temos que mostrar a nossa indignação e o momento é este”, afirmou o vice-presidente do Sinpol-DF, Enoque de Freitas.

“Essa é uma luta de todos nós. E, se você ainda acredita que vale a pena lutar pela sua família, pela sua dignidade, pelo seu futuro, é muito importante que esteja conosco em todas essas iniciativas”, declarou o presidente da entidade, Alex Galvão.

Ele aproveitou a oportunidade para agradecer aos policiais pela participação em peso na carreata realizada na última quarta, 17. Também ressaltou que esses atos foram apenas os primeiros de uma série prevista pela União dos Policiais do Brasil (UPB) para, sobretudo, deter os prejuízos da Reforma Administrativa e reverter danos causados pela Reforma da Previdência.

Medidas do governo federal nos últimos anos tem gerado prejuízos à Segurança Pública e a indignação da categoria

“Também estamos aqui hoje para reivindicar a vacinação prioritária dos policiais civis nesse momento crucial”, destacou Alex. Ele lembrou, ainda, que o sindicato já oficiou vários órgãos públicos com essa demanda e também judicializou a questão. “Nossa expectativa é que, em breve, tenhamos uma decisão favorável e nada mais justo”, defendeu o presidente do sindicato.

“Nós somos hoje 4.100 policiais na ativa e já tivemos mais de 650 notificações de contaminação. Isso representa um índice de infecção de praticamente 16%, sendo que a média da população é 5% e até dos profissionais de saúde é de 10%. Não há razão para que os policiais não sejam vacinados com prioridade”, sustentou Alex.

DEFESA

A defesa do Sinpol-DF foi reverberada também por outras entidades representativas que participaram do lockdown. O consenso é de que, nas últimas eleições, grande parte das candidaturas se pautou na defesa da Segurança Pública – reconhecendo um clamor social pela redução da criminalidade, corrupção e impunidade.

Presidente do Sinpol defendeu união dos policiais civis e intensificação da luta em prol dos direitos colocados em xeque

No entanto, apesar de terem sido eleitos sob essa base, alguns atores políticos, agora, frustram a expectativa dos profissionais da área com a adoção de medidas que representam a desvalorização desse capital humano e a precarização do serviço público.

“Nós servidores públicos estamos sendo colocados como os vilões da situação econômica pela qual o país atravessa. Diante dessa premissa cruel, têm sido propostas mudanças legislativas e constitucionais que desmontam o serviço público”, ressaltou o presidente do Sindepo, Rafael Sampaio.

Entre elas, a Reforma da Previdência tornou a aposentadoria dos policiais civis brasileiros a pior do mundo. A Lei Complementar 173 – ignorando as particularidades da atividade policial, sobretudo durante a pandemia – afastou, a curto prazo, a possibilidade de recomposição das perdas inflacionárias. E, mais recentemente, a PEC Emergencial tornou essa recuperação ainda mais incerta.

Ao longo dos próximos meses, UBP deverá promover outros atos contra a inclusão dos policiais na Reforma Administrativa

“Desde 2016, nós estamos numa luta muito grande, mas não é momento de nos acomodarmos. É momento de demonstrar força, pois é assim que temos conseguido abrir algumas portas. E agora com a tramitação da Reforma Administrativa, precisamos intensificar ainda mais essa atuação”, concluiu o presidente do Sindepo.

“Nós viemos aqui engrossar essa manifestação, principalmente com o objetivo de sensibilizarmos o governo federal sobre as demandas da categoria na Reforma Administrativa”, justificou o diretor geral da Asbrapp, Rafael Del Sarto.

“Quando o governo age de forma displicente com a categoria policial ele está agindo de forma displicente com a sua própria população, pois nós somos aqueles que, anonimamente, trabalham em nome da segurança de todos”, acrescentou o papiloscopista.

“Foram várias lutas e, infelizmente, nós já sofremos algumas derrotas no Congresso. Estamos sendo atropelados pelo governo federal e fica a decepção. Mas, agora, temos que mostrar a nossa união e indignação para, assim, tentarmos barrar os prejuízos que têm vindo para a nossa carreira”, conclamou o presidente da ABPC, Thiago Assis.

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