Morte do agente de polícia Geraldo Viana expõe vulnerabilidade dos policiais civis | Foto: Arquivo Pessoal

Da Comunicação Sinpol-DF

A diretoria do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) voltou a reivindicar que a Polícia Civil do DF (PCDF) intensifique as medidas de prevenção ao coronavírus para proteger a saúde dos servidores da corporação.

Entre as ações cobradas pelo Sinpol-DF estão a ampliação do teletrabalho, o fortalecimento do revezamento de turno e a instalação de anteparos nos guichês de atendimento, além de distribuição de máscaras, álcool em gel e luvas.

O sindicato também reivindica que os policiais em plantão com algum fator de risco ou com filhos em idade escolar possam também solicitar o trabalho remoto. A entidade afirma que, apesar de existir essa possibilidade, a PCDF tem resistido em aprovar os requerimentos.

O Sinpol solicitou, ainda, que a PCDF só deflagre operações com alvos específicos e que sejam fruto de investigações.

A entidade pontua que a falta de medidas mais severas pode agravar ainda mais o quadro de infectados na instituição, número que só tem crescido: até esta data, já são 167 policiais civis com diagnóstico positivo para o coronavírus.

ATIVIDADE ESSENCIAL

O ofício foi entregue nesta sexta, 26, um dia após a morte do agente de polícia Geraldo Giovany Ribeiro Viana. Ele tinha 54 anos e era diretor-adjunto da Divisão de Apoio e Serviços Gerais (DASG) da PCDF.

Viana, como era conhecido entre os colegas, foi o primeiro policial civil a morrer por COVID-19.

No documento, o Sinpol-DF aconselha a Direção-Geral da corporação a repensar a retomada das atividades plenas, uma vez que a curva de infectados ainda está em ascendência.

O sindicato alega, ainda, que embora algumas medidas tenham sido tomadas pela PCDF (após muita insistência da entidade, que vem cobrando uma ação efetiva da instituição desde 28 de fevereiro), o número de operações policiais tem aumentado.

Além disso, o Sinpol frisa que houve a “liberação indiscriminada das emissões de carteiras de identidades e o aumento do fluxo de pessoas nas Unidades Policiais”.

Para a entidade, ainda que a Polícia Civil realize uma atividade essencial não se pode “pretender e exigir” que os servidores fiquem mais expostos ao contágio.

OPERAÇÕES

“As operações policiais, principalmente aquelas sem um objetivo claro e determinado, geram risco no momento em que obrigam policiais a dividirem uma viatura e ficarem abordando pessoas aleatoriamente. Se uma dessas pessoas ou tripulante da viatura estiver assintomático, mas infectado, todos ali poderão se infectar. E o que temos visto é que algumas unidades têm insistido em realizar “operações” sem um alvo específico ou sem objetividade”, argumenta a diretoria do sindicato, no ofício.

No documento, o Sinpol diz que a morte de Viana não pode ser tratada como “mais uma vítima de COVID-19”, pois ele estava em atividade na PCDF.

Há fortes evidências de que o agente de polícia tenha sido infectado no ambiente de trabalho. Por isso, para o Sinpol-DF, é essencial que a Polícia Civil instaure processo a fim de estabelecer que a morte ocorreu em decorrência de acidente de trabalho.

O procedimento é importante para assegurar à família do policial todas as garantias de subsistência. Viana passou mais da metade de sua vida na PCDF, abrindo mão, inclusive, do convívio familiar.

“Precisamos que a PCDF ofereça aos seus servidores todas as condições para um trabalho efetivo, mas, acima de tudo, com segurança e prevenção, sem esquecer que estamos em estado de calamidade pública, em uma pandemia, com uma doença perigosa se alastrando, cuja cura ainda não foi descoberta. Todas as vidas importam! As dos Policiais Civis também!”, finaliza o sindicato.

Confira aqui o documento na íntegra.

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