Do G1 DF
A Polícia Civil suspeita que 12 pessoas presas nesta terça-feira (19), em Brasília, movimentaram cerca de R$ 19 milhões com fraudes na internet. Os integrantes do grupo, entre eles um servidor do Superior Tribunal de Justiça (STJ), são investigados por aplicar golpes em um site de compras.
Segundo a investigação, os suspeitos recebiam informações sobre compras feitas no Distrito Federal e em Goiás. Assim que localizavam a vítima, eles entravam em contato e ofereciam uma segunda via do boleto de pagamento do produto (entenda abaixo).
Dessa forma, a quadrilha falsificava o código de barras do documento e, ao invés do consumidor pagar pelo item que comprou, acabava quitando a dívida feita pelos estelionatários na internet.
“A vítima não percebia que o código de barras estava alterado”, explicou o diretor da Divisão de Proteção ao Consumidor, Rodrigo Carbone.
Com o produto pago, o grupo direcionava as compras para uma casa no Cruzeiro. Nesta terça (19), a polícia apreendeu cerca de 80 computadores, aparelhos celulares, carros de luxo e jet ski. Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão.
Os itens obtidos de forma ilícita, de acordo com a PCDF, eram vendidos em lojas de shoppings do DF e de Goiás. O número total de vítimas desse golpe não tinha sido informado pela polícia até a publicação desta reportagem.
Apreensão no STJ
Entre o suspeitos, a polícia identificou um servidor do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que não teve a identidade informada. A Corte não se manifestou sobre o assunto.
Na casa dele, os agentes encontraram uma “mineradora de moedas virtuais” – um “supercomputador” que funcionava durante 24 horas para acompanhar a compra e venda de moedas virtuais, segundo explicações do delegado.
“A moeda virtual era usada para lavar dinheiro porque é difícil de ser rastreada e de saber a origem e o destino”, afirmou Carbone.
Na sede do STJ, a polícia apreendeu ainda o computador usado pelo servidor e outros equipamentos eletrônicos. A suspeita é de que ele seria o responsável pelo comércio de bitcoins e pela criação dos perfis falsos na internet.
Outras buscas
Além do Plano Piloto, houve cumprimento de mandados de busca em São Sebastião, no Guará, Recanto das Emas, e também em cidades de Goiás – Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis e Hortolândia.
Se indiciados, os suspeitos vão responder pelos crimes de estelionato, receptação, lavagem de dinheiro, crime eletrônico e organização criminosa.
Como funcionava o golpe
Segundo a polícia, o grupo operava da seguinte maneira:
- A vítima fazia uma compra pela internet ou por telefone e recebia um boleto bancário por e-mail;
- Os estelionatários compravam outro produto, de valor aproximado à compra da vítima, usando os próprios dados;
- Os estelionatários alteravam o boleto bancário para que ele tivesse o código de barras e o endereço de entrega da compra criminosa, porém com as demais informações da compra original;
- Os estelionatários mandavam um e-mail para a vítima “informando” que o boleto inicial estava com o valor errado e, por isso, o segundo – fraudado pelo grupo – deveria ser pago;
- A mercadoria era entregue em uma casa no Cruzeiro e ficava em posse dos estelionatários.