Do G1 DF

A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou quatro jovens pelo assassinato do adolescente Victor Martins Melo, de 16 anos, espancado até a morte após uma festa no Parque da Cidade, em Brasília, no dia 26 de maio deste ano.

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Ataliba Neto, eles devem responder por homicídio duplamente qualificado, “pela crueldade do crime e impossibilidade de defesa da vítima”. A pena varia de 12 a 30 anos.

O caso será encaminhado nesta segunda-feira (3) ao Ministério Público, que pode pedir a conversão da prisão temporária em preventiva. Caso não ocorra, os quatro poderão responder à Justiça em liberdade.

Os suspeitos têm 21, 22, 23 e 24 anos. Outros 11 menores de idade são investigados pela Delegacia da Criança e do Adolescente por suposta participação no crime.

A mulher, que é a mais velha do grupo, foi a única que confessou o crime, dez dias após ser detida, segundo o delegado.

“Ela disse que deu vários socos no Victor porque achou que ele tivesse roubado o óculos de um amigo dela. Então, a vítima foi agredida por dois grupos.”
O estudante também foi confundido com um amigo, que conseguiu fugir com o celular de uma menina. O adolescente não tinha antecedentes criminais, segundo Ataliba.

Causa da morte

A morte de Victor foi causada por uma perfuração no coração, segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML). Ele teve uma hemorragia aguda e não resistiu.

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Na casa da suspeita, a polícia encontrou uma chave de fenda com sangue. A polícia chegou a acreditar que o instrumento tivesse sido usado para matar Victor, mas a perícia apontou que a perfuração foi feita por uma faca.

“A gente vê o valor que os jovens dão pra vida, a banalidade. Esperamos que o rigor da lei recai sobre eles”, disse Ataliba.

O adolescentes de 16 anos foi espancado e morto, por supostamente ter participado do roubo de um celular. No entanto, segundo a Polícia Civil, o crime foi praticado por um amigo do adolescente, que conseguiu fugir.

Vitor Martins Melo foi linchado por cerca de 20 pessoas e morreu no local. Testemunhas disseram à polícia que ele teria participado de um assalto, mas a Polícia Civil viu, desde o começo das investigações que os depoimentos eram contraditórios.

Depoimentos contraditórios

A dona do celular supostamente roubado disse à polícia que o linchamento de Vitor começou depois que o adolescente foi visto tentando ajudar um amigo a furtar o telefone. Outras testemunhas, no entanto, disseram à polícia que Vitor não estava envolvido no furto e teria sido “apontado como assaltante injustamente”.

Os policiais tentaram ouvir mais jovens que estavam na festa, mas eles não conseguiram dar detalhes sobre o crime “porque estavam sob efeito de álcool”, conforme disseram para os policiais.

Festa sem alvará

A festa, chamada “Cala a boca e me beija”, foi convocada por redes sociais. A Polícia Civil afirma que o evento não tinha autorização do governo e, por isso, os organizadores podem responder civilmente pelo caso.

Responsável pela gestão do Parque da Cidade, a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do DF confirmou ao G1 e à TV Globo que o evento não tinha autorização. Segundo a pasta, a segurança do espaço é feita pela Polícia Militar, que patrulha a área, e por equipes de vigilância patrimonial.

A secretaria ainda que “ao identificar o evento, feito à revelia, acionou imediatamente as forças de segurança para as devidas providências”.

 

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