Crime está sendo investigado pela Decrim (Foto: Paulo Cabral/Arquivo Sinpol-DF)

Do Metrópoles

Um grupo de 10 homens, entre eles um brasiliense, foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por racismo, após atacar um grupo de refugiados árabes e africanos por meio das redes sociais. Um inquérito foi aberto pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

Os alvos dos ataques são exilados empregados pela ONG paulista Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul–Países Árabes–África (Bibliaspa), sediada na capital paulista. O posicionamento racista dos suspeitos ocorreu em comentários publicados na página mantida pela entidade no Facebook. As investigações começaram ainda em 2016, pela Polícia Civil paulista, a qual pediu ajuda aos investigadores brasilienses para identificar um morador do DF que atacava os refugiados com discurso de ódio.

De acordo com as apurações da Decrin, Alex Lael Torres Lira Santos, 22 anos, inundou a página da ONG com conteúdos racistas contra os refugiados, principalmente os de ascendência árabe. “Se eu tenho algo contra refugiados? É claro que eu tenho! Não sou obrigado a concordar com a entrada deles aqui. Esse curso vai bombar, se é que vocês me entendem”, afirmou, ironicamente, em uma das postagens recuperadas pela polícia.

Quebra de sigilo

Quando a investigação foi remetida pela Polícia Civil de São Paulo aos policiais do Distrito Federal, a Decrin começou a mapear as postagens publicadas na página da ONG e a identificar o autor brasiliense. Após pedir a quebra de sigilo, os investigadores localizaram o computador de onde partiam as publicações. Alex Lael foi intimado a prestar depoimento na delegacia e acabou indiciado pelo crime de racismo, que prevê pena de 1 a 3 anos de prisão.

De acordo com a chefe da Dercin, delegada Gláucia Cristina da Silva, o inquérito já foi finalizado e será relatado ao Ministério Público para o oferecimento da denúncia. “Os casos de ataques racistas por meio das redes sociais têm se tornado comuns. As pessoas acreditam na falsa segurança de estarem resguardadas pela tela do computador. No entanto, não é o que ocorre. É preciso ter noção do que se escreve e arcar com essas consequências”, afirmou.

Já a área de relações públicas da ONG ressaltou que os ataques racistas começaram em junho de 2016, quando a entidade publicou em suas redes sociais a realização de cursos de línguas ministrados por refugiados – a maioria, árabes e africanos –, os quais ocorreriam na sede da organização. Quando notou os comentários racistas, a Bibliaspa procurou as autoridades para que os responsáveis fossem identificados.

O outro lado

Em seu depoimento prestado neste mês na delegacia, Alex Lael afirmou ter agido sem nenhuma intenção de agredir qualquer etnia ou religião. Ele contou aos policiais que seu único intuito teria sido fazer brincadeiras, piadas sobre a população árabe. O brasiliense garantiu, ainda, que seus comentários não tiveram conotação agressiva ou discriminatória.

Alex ressaltou também, em seu termo de declaração, não fazer parte de nenhuma seita e nem possuir ligação com qualquer religião específica. O Metrópoles tentou entrar em contato com Alex por meio de suas redes sociais, mas ele não respondeu aos questionamentos.

 

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