Agricultores da região do Distrito Federal relatam que ocorrem cerca de quatro crimes por dia desde o começo do ano

As propriedades rurais têm se tornado alvos de bandidos devido às grandes distâncias dos centros urbanos. Apesar de órgãos de segurança pública não terem números exatos sobre a criminalidade no campo, produtores do Distrito Federal relatam que já ocorrem quatro assaltos por dia desde que o ano começou.

Na maioria dos casos, os ladrões roubam propriedades e veículos. Os crimes são favorecidos pelas estradas isoladas que cercam as casas e outra queixa dos agricultores é a falta de amparo da polícia. “Fui assaltado, mas não tinha viatura. Disseram que eles viriam quando pudessem, mas só apareceram no outro dia para ver o que tinha acontecido”, conta o produtor rural Leandro Maldaner, um dos 20 mil moradores da área que fica na divisa entre Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais.

“A sensação de ver a casa revirada, tudo fora do lugar, é horrível. Você fica sem ação, fica com medo, não sabe o que fazer”, descreve Maldaner, que teve de roupas a eletrodomésticos roubados no início de fevereiro.

Ivo Jacó De Souza, superintendente da Federação Agricultura e Pecuária do DF, é outra vítima dos assaltos. Ele já cobrou das autoridades da região investimentos em equipamento e profissionais para garantir a segurança dos agricultores e uma resposta foi prometida até abril. Ele relata com indignação a falta de preparo da polícia e classifica a situação como “triste”.

“Não tem viatura, se tem está quebrada, não tem combustível”, conta, ao lembrar-se da vez em que sua propriedade foi roubada e ele precisou trocar o óleo da viatura para que ela conseguisse atendê-lo.

Em outro relato, o produtor Roberto Paludo diz que ele e o irmão ficaram sob a mira de um revólver enquanto os assaltantes tentavam roubar o carro. “Sempre com uma pistola na minha cabeça falaram que se eu não achasse o rastreador da caminhonete eles iriam me ‘pipocar’”. Ele ainda conta que os bandidos o obrigaram a beber uma garrafa de vodka para que estivesse bêbado quando fosse registrar um boletim de ocorrência “e (os policiais) não dariam atenção para o que eu falasse”.

A onda de assaltos motivou protestos nas estradas da região e o medo uniu os agricultores. Eles montaram um grupo no aplicativo de mensagem instantânea, WhatsApp, que conta com mais de 100 membros, para que qualquer suspeita seja compartilhada. Maldaner explica que após a denúncia, os produtores se reúnem, fazem grupos e vão até o local averiguar.

O agricultor Carmos Pedro Triacca aprovou a medida. “São pequenas ações entre a comunidade que conseguem ajudar na criminalidade”, porém, ele acredita que isso não é o bastante, “nada que a gente possa combater o crime totalmente”, lamenta.

A saída pode estar na tecnologia. Ele exemplifica a mobilização que houve no município de Patrocínio, Minas Gerais, em que a comunicação entre a polícia e os produtores se tornou mais ágil e eficiente através de um aplicativo. Segundo Triacca, as autoridades fizeram o georreferenciamento das propriedades rurais da região e criaram um aplicativo para que os produtores possam entrar em contato com a polícia. As autoridades chegam ao local do crime mais rapidamente através do GPS.

As medidas mais tecnológicas, em conjunto com as autoridades, ainda não chegaram à região de Ivo Jacó De Souza, que após sofrer com os assaltos, diz que não abre mais a cancela da propriedade sozinho e evita ir ao local por medo.

Paludo afirma que a “população está assustada” e pede para que o poder público “tome cuidado com a gente aqui no campo”.

Fonte: Canal Rural

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