Após aumento de 46% no ano passado, MP sugere nova forma de atuação

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As políticas públicas não conseguiram frear os índices de violência contra idosos. A constatação é do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que classificou como ineficientes os mecanismos de atendimento a esse público no DF, principalmente no  que se refere ao combate à violência. Levantamento do ano passado mostra que os casos de maus-tratos  contra idosos tiveram aumento de 46%.

Para tentar reduzir a escalada violência, o MPDFT, o Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública vão recomendar ao próximo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, a criação de uma coordenação de atendimento a vulneráveis. A unidade será composta por três delegacias especializadas também em crimes contra crianças e homossexuais.

“Não existe profissional especializado para cuidar desse tipo de vítima nas delegacias. As ocorrências registradas são, geralmente, de roubo ou homicídio. Mas o maior tipo de violência contra idosos é a psicológica, e é cometida por parentes. Geralmente,  filhos usuários de álcool e droga. Questão de saúde pública. Mas eles não são tratados adequadamente na rede pública”, explica a promotora Sandra Julião, da Promotoria de Justiça da Pessoa Idosa (Projid).

De acordo com os dados da Central Judicial do Idoso – composta por Tribunal de Justiça, MP e Defensoria Pública -, o número de denúncias de violência contra idosos saltou de 2.089, em 2012, para 3.052 no ano passado. Para Sandra, o aumento não representa apenas a maior disposição em denunciar, mas o real aumento na violência.

Ainda conforme o mapeamento da central, a maior vítima desse crime é a mulher. Elas respondem a 60,63% dos casos. Os tipos mais comuns são psicológica (32,53%), negligencial (27,17%), física (17%) e financeira (16,99%).

Filhos são 59% dos algozes, diz pesquisa

A constatação mais triste da pesquisa, feita com base nos números da Polícia Civil, refere-se ao perfil do agressor. Segundo o MPDFT, a amostragem revela que 59,34% das agressões são cometidas pelos próprios filhos das vítimas e que, em   1,5%, o cuidador era quem agredia o idoso.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde explicou que possui várias políticas voltadas a pessoas da terceira idade. “Nos centros de saúde, temos atividades para eles, como ginástica laboral, e alguns eventos que esses centros de saúde realizam mensalmente. Temos ainda um programa de violência contra o idoso”, afirma.

A secretaria ressalta que promove “atendimento domiciliar e campanhas de vacinação voltados aos idosos”. De acordo com a pasta, “neste ano, a Secretaria de Saúde ofereceu serviços de oftalmologia com a Carreta da Visão, onde cirurgias de catarata eram feitas em poucos minutos. Portanto, a SES/DF tem um amplo atendimento em sua rede voltado ao idoso”.

A Polícia Civil do Distrito Federal preferiu não se pronunciar sobre o assunto, apesar de ser questionada sobre as deficiências apontadas pelo MPDFT.

Campeão em denúncias
Apenas considerando   dados do Disque Direitos Humanos, o DF ficou em primeiro lugar no País em denúncias, proporcionalmente à população de idosos.
Das cidades do DF com maior incidência de casos, Ceilândia é a cidade que concentrou 16,47% dos registros, seguida por Brasília (10,97%) e Taguatinga (10,71%)
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