Do Metrópoles  

A assembleia geral realizada por policiais civis do Distrito Federal na tarde desta terça-feira (22/8) terminou com a categoria decidindo manter as negociações com o Governo do Distrito Federal, em busca de melhores remuneração e condições de trabalho. Os policiais estavam em indicativo de greve, mas concordaram não ser o momento de paralisar o atendimento à população. Assim, os cerca de 700 servidores da corporação reunidos na Praça do Buriti desistiram de entrar em greve.

A categoria acredita que há solução no diálogo e optou por não entrar em greve”
Resumiu Rodrigo Franco, presidente do Sindicato dos Policias Civis do DF (Sinpol-DF)

Representantes do Sinpol foram convidados por parlamentares do DF para reunião marcada com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), às 17h de quinta-feira (24) . Estarão presentes senadores, deputados federais e deputados distritais, que se comprometeram a tentar intermediar um acordo entre o chefe do Executivo e a categoria. No entanto, até agora não está confirmada que os policiais sequer poderão entrar no Buriti. Desta forma, agentes manterão uma vigília na porta do palácio durante o encontro.

De acordo com fontes das forças de segurança consultadas pelo Metrópoles, os policiais entenderam ser mais eficiente no momento recuar, evitando o desgaste de uma greve, e manter o diálogo com o governo do que partir para o enfrentamento. “A articulação política pode ser mais eficiente”, resumiu um dos interlocutores.

A Polícia Civil do Distrito Federal pleiteia equiparação dos vencimentos com a Polícia Federal. No entanto, o GDF alega não ter recursos nem para conceder reajustes já previstos em lei nem novos aumentos às diversas carreiras do funcionalismo público distrital. Enquanto os policiais faziam assembleia na Praça do Buriti, o governador anunciava, na Residência Oficial de Águas Claras, o parcelamento de salários de parte dos servidores por falta de dinheiro em caixa.

Se decidissem cruzar os braços, os agentes da Polícia Civil local descumpririam determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em abril, declarou inconstitucional o direito de greve de servidores públicos de órgãos de segurança em todo o país. Assim, proibiu qualquer forma de paralisação nas carreiras policiais. Em contrapartida, a Suprema Corte também decidiu obrigar os governos de participar de mediações criadas por entidades que representam os servidores da segurança pública para negociar interesses da categoria.

Nada até 2018

Em nota, a Casa Civil do DF disse que, diante da situação econômica, não será possível propor reajuste à categoria até o próximo ano. “O Governo de Brasília reconhece a importância da corporação para a manutenção da Segurança Pública no DF e todo o trabalho desenvolvido pela categoria em prol da população brasiliense. E, por isso, conta com a compreensão dos servidores diante do momento econômico delicado pelo qual o DF e todo o país passam atualmente”, completou a pasta.

Segundo o presidente do Sinpol-DF, os policiais seguirão mobilizados e devem realizar protestos paralelamente às rodadas de negociação com o GDF. Na última sexta-feira (18), um grupo de policiais bloqueou o acesso ao Complexo da PCDF, próximo ao Parque da Cidade.

Houve confusão e bate-boca entre os que queriam entrar no local e os que impediam o acesso dos colegas ao Departamento de Polícia Especializada (DPE). O caso gerou mal-estar em relação à direção da PCDF, que teria mandado prender os participantes do piquete. No entanto, os colegas teriam se recusado a deter os manifestantes, que acabaram liberando o acesso ao prédio.

Mas as relações com o comando da corporação, que já não estavam boas, pioraram. Há uma semana, delegados, peritos e policiais divulgaram nota unificada cobrando do diretor da PCDF, delegado Eric Seba, uma postura de enfrentamento contra o governador Rollemberg. “Conclamamos o diretor-geral a reavaliar a relação com o governador em decorrência de não compactuar com as agressões com a instituição PCDF”, diz trecho do documento.

Horas depois, o Sindicato dos Delegados da PCDF fez uma assembleia com indicativo de greve e seus membros também optaram por aguardar mais antes de decidir paralisar os serviços. No entanto, assim como os demais policiais, os delegados garantem que seguem mobilizados e não desistirão de lutar pelo aumento salarial.

Sem identificação

Também nesta terça, o Sinpol divulgou um informativo relatando que, desde 14 de julho, os peritos papiloscopistas não fazem laudos com uso de impressão digital. Segundo a entidade, houve a troca de empresa responsável pelo sistema de identificação automatizada e a firma não consegue implantar o software que compara a digital colhida com o banco nacional de digitais. “Não adianta colher a assinatura sem o sistema estar funcionando”, afirmava o texto divulgado. Segundo o sindicato, isso revela a situação precária enfrentada pela corporação.

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