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Mais 250 PMs nas ruas

Operação Asas, implementada no Plano Piloto, tem o objetivo de prevenir crimes, fazer campanhas educativas e aumentar a sensação de segurança da população. Comando da corporação nega que ação tenha sido motivada pelos delitos recorrentes no centro de Brasília

» KELLY ALMEIDA

Uma visão da polícia que não seja apenas preventiva, mas cidadã. Esse é o objetivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) com a Operação Asas, que está sendo implementada no Plano Piloto desde a semana passada. A nova estratégia de segurança da pasta colocará 250 policiais a mais nas ruas fazendo patrulhamento nas asas Sul e Norte, no Parque da Cidade e em toda a área central. Um dos objetivos, segundo a cúpula da segurança, é levar sensação de tranquilidade à população. O comando da Polícia Militar nega que a ação tenha sido planejada por conta dos recentes casos de sequestros relâmpagos e outros crimes no centro da capital. O governo também pretende gratificar em dinheiro militares que apreenderem armas no DF (leia matéria abaixo).

“O objetivo é fazer a prevenção, estar ao lado da população fazendo campanhas educativas e passar a sensação de segurança”, explicou o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar. Entre as ações educativas que devem ser realizadas ao longo da operação, prevista para ser desenvolvida por pelo menos 45 dias, está a entrega de autos de alerta a pessoas consideradas em situações vulneráveis, trabalho que começou no início do mês.

Um dos locais que terão policiamento reforçado com a operação é o Parque da Cidade. Números da SSP-DF indicam que, no ano passado, foram registradas 626 ocorrências na área. A maioria delas por acidentes de trânsito sem vítimas e furtos a transeuntes e em veículos. As duas últimas modalidades, juntas, somaram 192 registros. O local também acumulou três estupros e 18 flagrantes de uso ou porte de drogas ao longo de 2012.

O incremento dos 250 militares será feito com PMs da área administrativa. A corporação não divulgou a quantidade de policiais que atuam hoje no Plano Piloto, mas informou que a área é composta pelos batalhões das asas Sul e Norte, e da área central. Militares dos batalhões de Choque, do Policiamento com Cães (BPCães) e da Rotran também reforçam o policiamento.

Ocorrências

Desde a última segunda-feira, o Correio tem divulgado matérias sobre a escalada dos flagrantes de tráfico de drogas na área central de Brasília. Em janeiro deste ano, o Plano Piloto apresentou 36,6% casos a mais do que o mesmo período de 2012 em relação a essa modalidade de crime. O comandante-geral da PM, Suamy Santana, ressaltou que o aumento nas ocorrências de venda de entorpecentes não necessariamente representa elevação na criminalidade no Plano Piloto. “A quantidade de flagrantes não significa que o crime está crescendo. A polícia está nas ruas e só há números de tráfico quando a segurança trabalha e registra ocorrências. E é isso o que está acontecendo”, defendeu.

Os sequestros relâmpagos também preocupam as autoridades. Foram, pelo menos, 40 episódios neste mês, segundo a SSP. Em um dos roubos com restrição à liberdade da vítima, que aconteceu na última quarta-feira, uma fisioterapeuta de 27 anos foi abordada por três assaltantes quando entrava no carro, na Quadra 104 do Sudoeste, às 12h40. Dois deles fugiram no veículo com a mulher, e um adolescente de 15 anos tentou escapar a pé, mas foi rendido por um professor de luta minutos depois. O menor foi levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Outro jovem da mesma idade e um homem de 23 anos foram localizados no começo da noite de quarta no Riacho Fundo 2.

O coronel Suamy Santana nega que a Operação Asas seja uma resposta imediata apenas para os recentes casos. “É uma continuação das operações que fizemos no Natal e no carnaval e que apresentaram resultados positivos. Desde a última sexta-feira, já estamos com o efetivo maior nas ruas. Mas, com a implantação do Asas, serão 250 a mais”, disse.

Mapeamento

No começo do mês, a Polícia Militar anunciou uma nova estratégia para reduzir os índices de sequestros relâmpagos no DF: a distribuição de “autos de alerta” à população. Trata-se de um panfleto entregue à pessoas que estiverem namorando dentro de carros ou andando distraídas em locais isolados. No papel, o policial anotará o nome, o endereço e o horário em que a pessoa foi flagrada como uma possível vítima de sequestro. A PM explica que vai usar as informações para mapear os pontos com maior incidência de pessoas vulneráveis.

Gratificação para quem apreender arma

As forças de segurança do Distrito Federal defendem que a retirada de armamentos das ruas evita uma série de crimes. Ontem, o comandante da Polícia Militar, coronel Suamy Santana, informou que, entre quarta e quinta-feira, foram confiscadas 10 armas de fogo em todo o DF. E, para estimular as apreensões, o GDF pretende gratificar policiais que recolherem revólveres, pistolas e outros equipamentos.

O benefício, no entanto, só começa a valer quando um decreto com detalhes da proposta, incluindo o valor da bonificação, for publicado. O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, acredita que isso acontecerá em breve. Apesar do trabalho já ser uma das atribuições das forças de segurança, Avelar acredita que a iniciativa vai estimular a corporação. “A medida reconhecerá a ação do policial e mais armas podem ser retiradas de circulação”, aposta.

O secretário explica que o valor ainda não está definido, mas é possível que seja cravado em R$ 400 para armas curtas e até R$ 1 mil para as longas. “A bonificação será entregue a cada equipe que fizer a apreensão. Se for formada por três policiais, eles irão dividir o valor entre eles.”

Números da SSP indicam que, no ano passado, foram confiscadas 2.511 armas no DF, entre revólveres, pistolas e fuzis — uma média de sete apreensões por dia. Em 2011, foram 2.345 armamentos retirados das ruas. O secretário de Segurança toma os números como positivos e afirma que o trabalho é resultado de uma integração entre as polícias Civil e Militar.

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