JORNAL DE BRASÍLIA

Polícia Civil decide manter greve e suspender recolhimento de corpo por morte natural

Policiais civis do Distrito Federal decidiram, em assembleia realizada na tarde desta quarta-feira (7), manter a greve por mais sete dias, a partir de sexta-feira (9). A reunião foi realizada em frente ao Palácio do Buriti e contou com cerca de dois mil policiais. A paralisação, que já dura 78 dias, é a mais longa na história da Polícia Civil do Distrito Federal.

Além da permanência da greve, os policiais decidiram que não vão mais fazer a remoção de cadáveres de mortes naturais. Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol/DF), Ciro de Freitas, o recolhimento é função da Secretaria de Saúde, mas o trabalho é realizado pela Polícia Civil como uma forma de ajuda. Os outros tipos de morte são de responsabilidade da polícia fazer a retirada.

De acordo com o presidente do sindicato, a decisão foi tomada devido o governo tentar retaliar a greve da categoria tirando a vistoria de veículos de outros estados e passando para o Detran-DF.

Segundo Ciro, o comando de greve irá se reunir para fazer um ofício e entregar para o governo com a data exata em que irá deixar de prestar o serviço.

A categoria optou pela permanência da paralisação devido à ausência de uma proposta concreta do governo. Os policiais pedem a reestruturação da carreira com atualização salarial em torno de 28% além de plano de saúde e o aumento do efetivo.

Uma nova assembleia está marcada para a próxima terça-feira (13), às 15h, em frente ao Palácio do Buriti.

A Direção-Geral da Polícia Civil do DF informou, por meio de nota, que nos casos de recusa da solicitação de remoção de cadáver por parte da delegacia da área, a população deverá ligar para a Ouvidoria visando o pronto atendimento da demanda.

Telefones da Ouvidoria: 3362-3400, 3362-3401, 3362-3402, atendimento das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira.

197 (opção 6), atendimento após as 18h de segunda a sexta-feira, e 24h aos sábados, domingos e feriados.

 

CORREIO BRAZILIENSE 

POLÍCIA CIVIL »

De braços cruzados por mais uma semana

ROBERTA ABREU

A greve da Polícia Civil completa hoje 78 dias sem qualquer previsão de chegar ao fim. Ontem, a categoria decidiu por unanimidade, durante assembleia realizada na Praça do Buriti, manter o movimento por mais uma semana, a contar de amanhã. Com isso, mesmo que decidam voltar ao trabalho na assembleia da próxima terça-feira, os policiais ficarão de braços cruzados pelo menos até sexta-feira, quando o movimento completará 86 dias.

Os policiais reclamam da falta de propostas salariais concretas por parte do governo local. Outro motivo que reforça a mobilização é o decreto assinado pelo governador Agnelo Queiroz, na última quinta-feira, em que transfere para o Detran a atribuição de vistoria e transferência dos veículos comprados em outras unidades da Federação. Para forçar que o Executivo volte atrás na decisão da transferência da vistoria, os policiais ameaçam deixar de recolher corpos por morte natural.

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol/DF), Ciro de Freitas, o serviço não faz parte das atribuições da categoria, mas funcionava dessa maneira devido a um acordo firmado com o governo. “Isso foi deliberado na assembleia. Vamos dar conhecimento para as autoridades da segurança pública e estipular uma data. O trabalho não será mais realizado até que a vistoria retorne para a estrutura da Polícia Civil”, garantiu Freitas.

O presidente do Sinpol acredita que a medida foi tomada como forma de retaliação ao movimento. “O Detran não tem capacidade técnica para manter a qualidade do trabalho, que consiste em analisar os segredos dos veículos. Temos equipamentos importados e 12 servidores treinados”, disse. De acordo com Freitas, durante o trabalho, o servidor checa se o número do chassi corresponde ao do motor e do câmbio, entre outros. “É um laudo pericial. Há muitos casos de carros clonados ou com alguma peça roubada”, avaliou.

A categoria reclama que não há contato com o Executivo há 15 dias e pressiona por uma proposta. “Queremos que o GDF assuma que tem proposta. O reajuste de 15,8% (oferecido aos policiais federais) não veio concreta, então não é objeto de discussão”, disse Freitas. O presidente do sindicato garante que os policiais continuam mobilizados e com força para manter a greve até o próximo ano. “Como está hoje, podemos encerrar o ano, iniciar o que vem e, assim, sucessivamente.”

A Secretaria de Administração Pública reiterou a negociação de três pontos reivindicados pela categoria. Segundo a pasta, a partir de janeiro, será implementado o plano de saúde. Também no início do ano, será realizado um concurso público para adesão de 3.029 novos servidores, além da incorporação dos agentes penitenciários na Polícia Civil. Enquanto a corporação mantém os braços cruzados, apenas casos graves, como sequestros relâmpagos e homicídio, estão sendo registrados.

Filiação