Policiais Civis se reuniram na Praca do Buriti (Fotos: Paulo Cabral/Sinpol-DF)
Da Comunicação Sinpol-DF Em uma das maiores assembleias realizadas pelo Sinpol-DF nos últimos anos, mais de quatro mil policiais civis decidiram, por unanimidade, na tarde desta quarta, 3 de agosto, deflagrar uma paralisação total das atividades durante 48 horas.
Categoria tambem rejeitou a proposta do GDF
A mobilização terá início a partir das 8h desta quinta, 4, e contará com a adesão de todos os demais cargos da Polícia Civil do DF. Já nesta quinta haverá mais um grande ato de manifestação nas imediações do Estádio Nacional Mané Garrincha, durante a partida de futebol entre Brasil e África do Sul pelos Jogos Olímpicos de 2016.
Ao fim da assembleia, os 4 mil policiais sairam em caminhada pelo Eixo Monumental
A concentração será no Parque da Cidade, a partir do meio-dia. Foi deliberado, ainda, que todos os
policiais civis com chefia colocarão os cargos à disposição. A mobilização da categoria é uma resposta à postura do Governo do Distrito Federal (GDF) em relação à isonomia histórica e legal da Polícia Civil com a Polícia Federal, e agrava o movimento iniciado no dia 4 de julho, quando foi deflagrada a
operação “PCDF Legal”.
Deputados sairam em defesa da categoria e podem trancar pauta da CLDF
NEGOCIAÇÃO Embora as conversas sobre a manutenção da isonomia tenham iniciado há mais de um ano (houve uma greve em setembro por 22 dias) , apenas nesta terça, 2, o GDF apresentou uma proposta concreta: 7% de reajuste no final de 2017, mais duas parcelas de 10% pagas, respectivamente, no final de 2018 e de 2019 - houve, porém, rejeição imediata. Uma segunda proposta partiu do diretor-geral Eric Seba, que também integrou a mesa de negociações, e indicava o pagamento de uma primeira parcela do reajuste, de 23%, a partir do mês de agosto, garantindo assim a isonomia com a Polícia Federal – o governo, porém, não se pronunciou a respeito. Outra terceira sugestão, construída em conjunto pelo Sinpol e pelo Sindepo, propunha o pagamento de uma parte do índice a partir de janeiro de 2017 e a diluição do restante ao longo do ano. O governo ficou de enviar uma resposta antes do início da assembleia, marcada para as 14h, mas até as 15h30 não houve qualquer retorno. “O GDF nos coloca em uma posição em que não podemos fugir da radicalização. Há um ano nós só vimos protelação e ouvimos condições impostas por parte do governo. Está claro que não há vontade de recompor o nosso salário”, afirmou o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco “Gaúcho”. Ele voltou a frisar que os argumentos do governo acerca dos recursos do Fundo Constitucional não fazem sentido, pois em 2017 haverá um acréscimo de R$ 780 milhões, elevando o montante para perto de R$ 13 bilhões. “O impacto, caso recebêssemos em janeiro, como a PF, seria de R$ 400 milhões; na proposta do GDF, de R$ 40 milhões. O Fundo Constitucional é para custeio da Segurança Pública”, acrescentou o presidente do Sinpol-DF.
PERDAS SALARIAIS Os policiais anseiam pela recomposição salarial porque já acumulam perdas de cerca de 50%. Caso não haja uma proposta agora, essa defasagem será ampliada em mais 30%. “O nosso limite chegou. A proposta não veio e não sabemos se virá. A prioridade do governo não é a Segurança Pública; os policiais não têm sido valorizados”, disse Gaúcho. Em complemento, o diretor de políticas sindicais adjunto do Sinpol-DF, Fernando Ferreira, o Fernandão, conclamou a categoria a “deixar claro para o GDF a indignação de todos”. “O acordo da Polícia Federal já está no Congresso. Não podemos nos reduzir à insignificância que querem nos colocar”, pontuou. Marcos Campos, o Marcão, diretor de Administração e Planejamento do sindicato, lembrou que a manutenção da isonomia foi um compromisso de campanha do governador Rodrigo Rollemberg. “Ele não cumpriu o que prometeu. E nós merecemos ter o nosso reajuste”, afirmou. O secretário geral do Sinpol-DF, Paulo Sousa, alertou os policiais para a necessidade de todos se manterem mobilizados. “Não podemos ter medo. Precisamos ter essa consciência, focar na nossa recomposição e lutar por ela”, propôs.
APOIO PARLAMENTAR Os deputados distritais Cláudio Abrantes (Rede) e Wellington Luiz (PMDB), ambos policiais civis, e Wasny de Roure (PT) compareceram à assembleia para manifestar apoio. O trio vem acompanhando todo o processo de negociação e manifestou desagrado com a postura do governo. “Essa proposta é tão grave que tem caráter de ilegalidade. Não podemos aceitar um tratamento diferenciado. O momento é, sim, de lutar. Lamento profundamente que o governador não tenha percebido a gravidade do momento. A União também está em dificuldades financeiras e não negou o reajuste à Polícia Federal”, ponderou Wasny. Para Cláudio Abrantes, a categoria “tem sido condescendente e realizado um trabalho exemplar” e, por isso, a manutenção da isonomia é justa. “Temos buscado diálogo, os sindicatos têm feito as propostas, ou seja, todo o lado da Polícia Civil fez a sua parte, mas o GDF não. Não aceitaremos, sob hipótese alguma, ficar sem isonomia. Não podemos parar esse movimento até conseguir mantê-la”, sugeriu. Wellington Luiz também mencionou a negociação exaustiva à qual a categoria foi submetida. Ele se comprometeu, enquanto líder da oposição, a buscar apoio para obstruir a pauta de votação na Câmara Legislativa até que o posicionamento do governo mude. “Não existe isonomia se o reajuste for jogado para o fim do ano. Não temos outra solução que não seja parar imediatamente. As entidades negociaram, mas o governo só quis protelar. O dinheiro do Fundo Constitucional é para pagar a Segurança Pública”, lembrou o deputado.
VOTAÇÃO NA CLDF A tese de obstrução da pauta da CLDF ganhou ainda mais força com a manifestação da presidente da Casa, Celina Leão (PPS). Ela compareceu à assembleia para “sinalizar o apoio do Poder Legislativo aos policiais civis” e confirmou que, se necessário, a pauta de votação será obstruída. “Nós temos o apoio da população. Se precisar, aquele poder não faltará”, confirmou. Nesse sentido, também se manifestaram os deputados Rafael Prudente (PMDB) e Raimundo Ribeiro (PPS). Rafael disse não entender a alegação do governo quando fala em dificuldades financeiras, pois a CLDF aprovou, no ano passado, medidas que resultaram em mais de 2 bilhões de arrecadação. “Será que isso não é suficiente para atender à reivindicação?”, indagou. Raimundo reiterou a importância da isonomia e fez um alerta ao GDF: “O governador pode estar incorrendo em uma ilegalidade. Nada do que foi prometido a vocês foi entregue. A questão da segurança pública é vital para o DF”, advertiu. O deputado federal Laerte Bessa (PR-DF), delegado aposentado, disse que no âmbito federal o consenso é de que a postura do governador Rodrigo Rollemberg com os policiais civis é “intransigente”. “Não podemos aceitar isso. A proposta do governo é ridícula”, afirmou.
DELIBERAÇÕES A proposta da paralisação foi amplamente discutida pela categoria e ganhou força depois após informação dos dirigentes do Sindepo que os delegados haviam decidido por uma paralisação por 48 horas. Os presidentes da Agepol, Asbrapp, AAPC e ABPC também já haviam deliberado que seguiriam a orientação do Sinpol-DF. Os serviços estarão suspensos, portanto, em todas as unidades da PCDF. A diretoria do Sinpol-DF conclamou os policiais civis aposentados a auxiliarem na mobilização, fortalecendo os grupos de policiais nas delegacias mais próximas onde eles moram, mas, principalmente, na 5ª DP, na Asa Norte, próxima ao Estádio Nacional, e no Departamento de Polícia Especializada (DPE).
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