Aposentadoria de Eric Seba foi publicada na última terça, 27 (Foto: Paulo Cabral/Arquivo Sinpol-DF)

Da Diretoria Executiva

A aposentadoria do delegado Eric Seba de Castro, atual diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), publicada no Diário Oficial do DF (DODF) nesta terça, 27, encerra uma administração que ficou marcada pela omissão, negligência, falta de comando, de gestão, de diálogo, de interlocução e de tantos outros aspectos negativos que, certamente, provocam um consenso em toda a categoria policial: este é um período que deve ser tomado como exemplo daquilo que não deve ser seguido e, sim, esquecido.

É inequívoco afirmar isto quando se testemunhou a submissão de um diretor de polícia a um governante que não respeitou, em nenhum momento, uma instituição de Estado; que levou ao completo sucateamento de uma corporação que sempre foi respeitada pela sociedade, pelas demais instituições de Estado e que sempre deveria atuar de maneira independente e autônoma.

Esse sucateamento pode ser caracterizado por diversas circunstâncias que sempre foram amplamente denunciadas pelo Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), a pior delas é a desvalorização salarial da categoria que, atualmente, acumula perdas salariais que se aproximam de 60% – índice acumulado nos últimos nove anos.

A defasagem salarial que os policiais civis enfrentam tem como principal vetor a quebra da paridade salarial, histórica e legal, entre a PCDF e a Polícia Federal, um compromisso firmado pelo atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ainda durante a campanha eleitoral, em 2014, reiterado por diversas vezes por ele e afiançado, em inúmeras ocasiões, pelo próprio Seba. O atual diretor-geral, que se despede nesta terça, reafirmou aquela promessa em diversas reuniões – inclusive, dentro do Sinpol-DF – chegando a anunciar que colocaria o cargo à disposição se o governador descumprisse a palavra. Seba, contudo, também não cumpriu o que disse.

Não só estes, mas há outros sinais da obsolescência a que a Polícia Civil foi submetida nos últimos quatro anos: a falta de efetivo, resultante da falta de gestão e de planejamento organizacional e que chegou a um patamar insustentável, decorreu, pela primeira vez na história de Brasília, no fechamento de 15 delegacias à noite e aos finais de semana; os problemas com as armas acauteladas pelos policiais, cujos defeitos de fabricação foram comprovados pelo Instituto de Criminalística da própria PCDF, resultando em uma ação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) – que pediu a substituição imediata do equipamento, descumprida até hoje e, ainda, o tratamento desigual dispensado à Polícia Civil em comparação à Polícia Militar e aos Bombeiros, que pode ser ilustrado, por exemplo, pela compra de viaturas e pelo avanço em pleitos como auxílio-moradia, escola para dependentes e assistência à saúde – os policiais civis nada tiveram de benefícios e a PCDF mantém uma frota com mais de dez anos de uso.

Enquanto na entrevista de despedida que concedeu no dia da publicação da aposentadoria ele enfatizou que precisa cuidar de seus afazeres em sua fazenda – coisa que, ouve-se falar na polícia, é que suas terras são lindeiras às da família Rollemberg – agora, Seba terá tempo de sobra para desfrutar dos recursos acumulados enquanto chefe de polícia e com as licenças-prêmio pagas em pecúnia pelas quais tanto lutou.

Como legado, Seba deixa duas frases emblemáticas e polêmicas da sua gestão, que simbolizam o resultados e o rumo da sua gestão. “Nós vamos fazer de tudo para o governo Rollemberg dar certo”, disse o amigo do governador no dia da sua posse. E “os policiais civis não trabalham por dinheiro”, disse o delegado aposentado para justificar a desvalorização que ele mesmo liderava.

Faltou comando, força e habilidade institucional junto ao núcleo do Governo do DF (GDF). Claramente, a figura do diretor-geral que se despede hoje, não fará falta alguma.

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