Apenas a investigação poderá apontar o que exatamente ocorreu durante o crime (Foto: Divulgação)

Thallys Mendes Passos*

As circunstâncias do assassinato do estudante José Carlos da Silva Carvalho, de 21 anos, durante um assalto a uma pizzaria em Ceilândia, ainda causam dúvidas.

Segundo relatos de testemunhas, ele entrou no estabelecimento comercial para encontrar com amigos que trabalham lá enquanto os bandidos abordavam os demais clientes e foi surpreendido pelos tiros.

José Carlos já havia sido assaltado nesta semana. A dupla responsável pelo crime – dois adolescentes – haviam atirado em outro cliente da pizzaria que tentou reagir e já tinha roubado mais seis pessoas que estavam perto do local.

Apenas o trabalho de investigação criminal dos policiais civis é capaz de desvendar todas essas questões. Somente por meio das técnicas de inteligência que o cercam é que será possível distinguir entre um fato e outro, dentro de toda a dinâmica do fato, qual foi exatamente o crime que ocorreu.

Isso será fundamental na tipificação do crime e na dosimetria da pena que será aplicada aos responsáveis, tão logo eles sejam encontrados.

Entretanto, com a criminalidade atingindo índices estratosféricos – Brasília está próxima de registrar um milhão de crimes apenas nos últimos três anos – e um efetivo de policiais civis defasado em mais da metade, casos como o do estudante estão cada vez mais difíceis de serem desvendados.

Desse total de crimes que vem se acumulando na capital federal, apenas 5% tem desfecho imediato, ou seja, quando há a prisão em flagrante. Os 95% restantes dependerão do trabalho desenvolvido pelos policiais civis para levar os responsáveis a responder na Justiça pelos crimes que cometeram.

Essa é a consequência direta do sucateamento que o Governo do Distrito Federal (GDF) vem promovendo, deliberadamente, na Polícia Civil do DF (PCDF): a situação se respalda não só na desvalorização e desmotivação dos policiais civis, mas, sobretudo, na precarização da PCDF decorrente da redução drástica nos investimentos e do fechamento das delegacias, como o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) fez nos últimos anos.

Na ponta desse problema, está o cidadão comum que, apesar de não ter culpa da gestão irresponsável de Rollemberg na Segurança Pública, é quem mais sofre com as consequências.

*Thallys Mendes Passos é Agente de Polícia Civil e diretor de Comunicação Adjunto do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF)

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