Do G1 DF
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) identificou os quatro suspeitos do homicídio do padre Kazemierz Wojn, de 71 anos. Padre Casemiro, como era conhecido pelos fiéis, foi assassinado no sábado (21), durante um assalto à Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na Asa Norte, em Brasília.
Três suspeitos já estão presos (foto acima). Até a noite desta quarta-feira (25), um adolescente ainda estava sendo procurado.
Segundo o delegado da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Laércio Rossetto, o grupo comemorou o roubo “com bebida e ostentação”.
Os investigadores também já identificaram quem efetivamente matou o padre polonês. As apurações apontam que Alessandro de Anchieta Silva, de 19 anos, apertou o arame no pescoço do religioso e o estrangulou.
Ele teria ficado irritado com os constantes pedidos do pároco, que dizia que os suspeitos “não precisavam fazer isso”, afirma a polícia.
Quem são os suspeitos
Com a prisão do terceiro dos quatro suspeitos do homicídio, nesta quarta-feira, a Polícia Civil acredita estar próxima de desvendar o crime por completo. Já estão presos:
Daniel Souza da Cruz, de 29 anos. Detido nesta quarta-feira (25), no Novo Gama, Entorno do DF. Segundo a polícia, ele já tinha passagens por homicídio e tentativa de lesão corporal.
Antônio Willyan Almeida Santos, de 32 anos. Nascido em Januária, Minas Gerais, ele tem passagem por homicídio e tráfico de drogas.
Alessandro de Anchieta Silva, de 19 anos. O jovem não tinha passagem na polícia e estava desempregado, de acordo com a Polícia Civil do DF.
O único suspeito que ainda está solto é um adolescente, que não teve a idade divulgada pela polícia. Conforme o delegado Laércio Rossetto, o jovem já foi identificado e o trabalho de apreensão será feito junto com a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).
Mentor intelectual e crime premeditado
Segundo a Polícia Civil, o mentor intelectual do crime foi Antônio Willyan Almeida Santos. Ele teria chamado os outros dois suspeitos para participar do crime.
“[Antônio] é o único que não quer falar e colaborar com a polícia”, afirma o delegado.
Rossetto afirma que o crime foi premeditado e grupo escolheu o sábado porque era um dia mais tranquilo na paróquia. De acordo com o delegado, os suspeitos pretendiam entrar na casa do padre às 17h, durante a missa, para não serem surpreendidos. No entanto, tiveram dificuldade para abrir a porta.
Pouco antes das 19h, o grupo rendeu o caseiro da paróquia. Em seguida, eles abordaram o religioso que teve as mãos e os pés amarrados.
Alessandro de Anchieta teria subido ao primeiro andar da casa e avaliado o que poderia ser roubado. Os suspeitos ficaram cerca de três horas no local e fugiram em ônibus.
Segundo a polícia, eles levaram dinheiro, moedas de ouro, cheques, eletroeletrônicos e garrafas de bebida.
Investigações continuam
Segundo o delegado Laércio Rossetto, apesar de a investigação estar próxima do fim, ainda há questões que precisam ser apuradas.
“Todos são investigados, a gente não dispensa ninguém. Todos serão inquiridos e reinquiridos até que a gente possa ter o nosso livre conhecimento do que de fato aconteceu lá e se há outras pessoas envolvidas.”
O crime
Conforme as investigações, Padre Casemiro foi rendido pouco após a missa, que acabou por volta das 19h de sábado. O sacerdote foi encontrado morto, com braços e pernas amarrados e um arame no pescoço.
O caseiro, de 39 anos, contou ter sido feito refém. O homem disse à polícia que levou um soco de um dos ladrões, que mandou ele ficar olhando para baixo o tempo inteiro. Ele também teve os pés e as mão amarradas.
Uma “mordaça” de fita crepe teria colocada na boca do caseiro para que ele não pudesse gritar. O funcionário da igreja contou que não viu o padre ser morto e que quando conseguiu se livrar da mordaça gritou por socorro.
Nascido na Polônia
Kazimerz Wojn nasceu na Polônia, mas morava no Brasil desde a década de 1980 onde ficou conhecido como padre Casemiro. Há 46 anos ele se dedicava ao sacerdócio.
O religioso ajudou a construir a Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na quadra 702, da Asa Norte. Segundo os fiéis “ele gostava de colocar a mão na massa”.
Todas as quartas-feiras, padre Casemiro celebrava missas para pacientes e servidores no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), que fica perto da igreja. O sacerdote gostava de fotografar as celebrações e depois distribuir as fotos entre os amigos.
Na ultima missa que celebrou, ele falou longamente sobre violência durante o sermão. O crime aconteceu horas após a celebração.