Do G1 DF

Uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal cumpre, na manhã desta terça-feira (13), 49 mandados de prisão preventiva e seis de temporária contra integrantes de uma facção criminosa suspeita de ter assassinado ao menos 30 pessoas na capital federal nos últimos seis anos.

Cerca de 350 policiais foram às ruas. Os agentes também fizeram busca e apreensão em mais de 30 endereços.

Além do DF, a ação ocorreu simultaneamente em municípios de Minas Gerais, Goiás e Piauí. Em Teresina, duas pessoas foram detidas.

Segundo a Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa – responsável pela operação –, os crimes foram motivados pela guerra de tráfico de drogas entre grupos.

“As facções também disputavam territórios e vingavam a morte dos comparsas, causando risco à população”, explicou o coordenador de repressão a homídios da PCDF, Fernando César Costa.

“O número de homicídios é impactante, mas também a violência com que eles praticavam esses homicídios. Eles faziam questão de praticar esses crimes com armamento pesado, número excessivo de tiros e sempre deixando isso como uma marca de atuação.”

Os criminosos ainda atuavam na porta de cadeias e de fóruns do DF. Em um dos crimes, em 2016, um homem foi morto com 30 tiros em frente ao fórum de Santa Maria. Dias depois, o tio da vítima também foi assassinado na mesma região administrativa, com 50 tiros.

De acordo com as investigações, a facção apresentava “alto grau de periculosidade” e usava armamentos como pistolas, revólveres, submetralhadoras e até fuzil nos crimes.

A operação da Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa da PCDF foi feita em conjunto com as promotorias criminais do Riacho Fundo e do Recanto das Emas e com o Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional (Nupri), do Ministério Público.

Ela recebeu o nome de Rosário – por ser, na religião católica, uma oração de ataque ao demônio, nome pelo qual o grupo criminoso costuma se chamar.

Queda da criminalidade

As investigações começaram em março deste ano. Para o delegado da 1° Divisão de Repressão a Homicídios, Thiago Boeing, a operação desta terça deve resultar na queda da criminalidade:

“Esses criminosos estão envolvidos em vários homicídios. A tendência é que, principalmente, as comunidades do Riacho Fundo, Recanto das Emas, Ceilândia e Gama – que eram palco dos conflitos – sintam os índices de violência diminuírem”.

Com o desenrolar das investigações, a Polícia Civil decidiu pedir o desarquivamento de outros 14 inquéritos de homicídio que podem ter relação com a organização criminosa.

A polícia instaurou também uma investigação de lavagem de dinheiro. A Justiça autorizou a apreensão de 17 veículos, alguns de luxo, e o bloqueio de 60 contas bancárias de pessoas ligadas aos integrantes da facção. Ao todo, 11 imóveis dos criminosos também deverão ir a leilão.

Entre os mandados de prisão, 49 são do inquérito que investiga os homicídios e crimes associados, e seis da apuração sobre a lavagem. Um advogado está entre os alvos.

Esquema organizado

Segundo os investigadores, a facção tinha um esquema de atuação organizado – que contava com pessoas responsáveis por roubos de carros, clonadores e motoristas que faziam o transporte de drogas para o DF. Os suspeitos também atuavam no comércio de armas.

Além disso, a facção ainda praticava rufianismo, que é a exploração da prostituição. De acordo com a polícia, o grupo chegava a cobrar diária de R$100 de prostitutas para que elas pudessem explorar algum ponto.

A morte de uma travesti em uma área de prostituição, em Taguatinga, é atribuída ao grupo.

 

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