Do Metrópoles

Após a prisão de Marinésio dos Santos Olinto, 41 anos, a Polícia Civil recebeu três denúncias contra o homem considerado pelos investigadores um serial Killer. Há ainda a suspeita de que ele tenha atacado outras mulheres entre os anos 2014 e 2015. Em função disso, a PCDF reabriu inquéritos instaurados nessa época. Os processos seriam arquivados.

São crimes que estavam sem autoria. Um ocorreu no Paranoá e outros dois em Sobradinho. “Um deles tem a história de uma Blazer, que será checada”, disse a delegada Jane Klébia, chefe da 6ª DP (Paranoá). A PCDF apura quando Marinésio adquiriu o veículo prata.

De acordo com a investigadora, o modus operandi de Marinésio era muito frio. Com 1,60 m de altura, chama a atenção o fato de o acusado escolher vítimas, de forma aleatória, com estatura maior. A polícia acredita que o maníaco cometia os crimes utilizando armas. Isso porque foi encontrada uma tesoura no veículo dele. Além disso, ele não tinha marcas de lesões no corpo, indício de que as vítimas não teriam reagido.

Marinésio dos Santos Olinto confessou ter matado a funcionária do Ministério da Educação Letícia Sousa Curado, 26, e Genir Pereira de Sousa, 47. Entre as vítimas que se dirigiram à PCDF para denunciá-lo, estão duas irmãs que foram atacadas pelo serial killer no sábado (24/08/2019), na Rodoviária de Planaltina, em menos de 24 horas após o assassinato da colaboradora do MEC, que também era advogada.

As jovens contaram que saíam de uma festa na madrugada quando o homem ofereceu uma carona. Elas resolveram aceitar. As mulheres, de 18 e 21 anos, disseram que começaram a estranhar no momento em que Marinésio passou a fazer trajeto diferente da casa delas, no Bairro Estância II, e foi em direção ao Vale do Amanhecer, onde o acusado mora. Relataram ainda que foram assediadas.

“Assim que entraram no carro, Marinésio já avançou em uma delas, alisando a perna da que estava sentada na frente. No mesmo momento, ela recusou o toque e disse que é casada, que era para o homem parar. Ele rebateu respondendo: ‘Não dá nada, não’”, detalhou Jane Klébia.

Uma das irmãs* chegou a pegar uma panela que estava no banco de trás e ameaçou quebrar o carro. “Ele encostou o veículo e elas desceram correndo”, acrescentou a delegada. O outro caso foi de uma jovem de 23 anos, abordada na Rodoviária de Planaltina. Com isso, são pelo menos cinco vítimas do maníaco que agia sempre da mesma forma. Oferecia carona ou se passava por loteiro, para atacar suas vítimas.

A moça de 23 anos também foi à delegacia e disse que ter sido atacada no dia 11 de agosto deste ano. Ela esperava o transporte quando Marinésio, desconhecido até então, parou a sua GM Blazer prata e ofereceu carona. Ao perceber que o homem começou a seguir para o Morro da Capelinha, a mulher entrou em pânico e ordenou que o criminoso parasse o veículo. “Agora você vai comigo para lá”, teria dito o maníaco, segundo depoimento da jovem.

A vítima começou a gritar, dizendo que iria pular do carro. Só então Marinésio resolveu deixá-la sair do automóvel. A vítima conta ainda que não fez registro de ocorrência na ocasião por temer a repercussão do episódio. Após o caso de Letícia vir à tona, reconheceu o acusado e procurou a 31ª DP (Planaltina).

O Metrópoles localizou as duas irmãs na manhã desta terça-feira (27/08/2019). “Como estava tarde e não tinha transporte, resolvemos aceitar a carona dele. Estávamos cansadas, voltando de um show, e vimos a oportunidade de chegar logo em casa. Entramos e falamos para onde iríamos. De repente, percebemos que ele mudou o percurso e foi em direção à Rajadinha. Neste momento, me forçou a pegar nas partes íntimas dele. Eu disse que não queria, porque sou casada”, comentou a irmã mais velha.

Foi quando a jovem de 18 anos encontrou uma panela de ferro no banco traseiro da Blazer e disse a Marinésio que quebraria o vidro do carro caso ele não parasse o veículo. “Ele parou e descemos desesperadas. Um outro motorista viu a movimentação e nos trouxe até a porta de casa”, relatou a mais nova.

No domingo (25/08/2019), as meninas viram a imagem do homem nas redes sociais e o reconheceram. “Hoje, agradecemos a Deus por não ter ocorrido com nós duas o mesmo que aconteceu com Letícia. Foi uma sorte. Depois da abordagem, vimos que ele estava com uma cara de ser um homem muito ruim. Graças a Deus, estamos vivas”, ressaltou uma das denunciantes.

A mãe das jovens também se mostrou aliviada. “Senti uma coisa muito ruim no peito naquela manhã. Coração de mãe não se engana. Estava aflita naquele momento. Penso nisso todos os dias. Hoje, podia ser eu chorando a morte das minhas filhas também. Prestamos os nossos sentimentos à família da Letícia”, disse.

A polícia investiga se o fim de Letícia e Genir foi o mesmo de outras duas mulheres que sumiram no DF. Há cerca de um ano e meio, por exemplo, uma babá moradora da Fercal desapareceu no Altiplano Leste, após embarcar num ônibus e descer nas proximidades da Barragem do Paranoá. No dia chuvoso, a mulher pegou uma lotação e nunca mais foi vista.

Outro caso ocorreu em Sobradinho: uma residente da Nova Colina sumiu depois de sair de um posto de gasolina. Pelo menos três mulheres foram à 31ª DP e disseram ter escapado dos ataques de Marinésio após aceitarem embarcar no carro dele.

 

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