Do Correio Braziliense

A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu três traficantes de crack que executaram um usuário de drogas — que atuava como aviãozinho — por causa de dívidas. Antes de matá-lo, eles se reuniram em uma espécie de “tribunal do crime” para decidir o destino do homem. O caso foi desvendado pela Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa em colaboração com a 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires).

O caso foi registrado, inicialmente, em 19 de março, como desaparecimento na 38ª DP. Segundo a família, Salnio Silva Santos, 34 anos, estava há sete dias sem dar notícias. Era comum, de acordo com eles, que, por ser usuário de crack, ele passasse alguns períodos fora de casa. No entanto, ele, geralmente, mantinha contato constante.

O diretor da 2ª Divisão de Homicídios, Rafael Catunda, conta que Salnio enviou um áudio para a mulher em 12 de março, última data em que falou com familiares. Na mensagem, dizia que queria ir para casa, mas que o “chefe estava atrás” dele e “pressionando” por causa da dívida. “Estou correndo para lá e para cá para ver se arrumo um dinheiro”, contou.

As investigações da 38ª DP levaram a Leandro Ferreira Martins, 22. Interrogado, ele negou saber do paradeiro de Salnio. Leandro estava em uma clínica de reabilitação e acabou, depois da saída dos policiais, confessando a outros pacientes da clínica o crime. Com isso, o caso foi encaminhado para a Coordenação de Repressão a Homicídios.

Com as apurações, chegou-se a mais dois suspeitos: Gabriel da Silva Martins, 20, e Ricardo Bianna, 55. Os dois chefiavam o tráfico na região. Leandro e Salnio trabalhavam como traficantes, mas, como também eram usuários, consumiam parte do que vendiam. Com isso, Salnio acumulou dívidas.

Ao ver que as investigações chegariam até ele, Leandro acabou confessando aos policiais a participação no assassinato. Contou os detalhes da execução e a motivação do crime. Ele e Gabriel foram presos no sábado, e Ricardo, ontem. Segundo Leandro, os dois chefes pediram a ele que levasse Salnio até o local onde costumam se encontrar para fazer a divisão da droga que seria colocada à venda. Lá, fizeram uma espécie de julgamento e concluíram que a vítima deveria ser executada. Salnio teria sido assassinado no local, e o corpo dele, enterrado em um matagal da região.

Importância

De acordo com o diretor da 2ª Divisão de Homicídios, Rafael Catunda, Gabriel e Ricardo eram traficantes com atuação forte na região central de Taguatinga. “Eles não eram criminosos pequenos. Apesar de não terem uma boca fixa, eles ficavam perambulando pela região e oferecendo drogas para todos os usuários”, destaca.

O responsável pela Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa, delegado Fernando César Costa, observa que a maioria dos assassinatos estão relacionados ao tráfico ou a crimes contra o patrimônio. Ele ressalta a importância da resolução desse caso e o trabalho conjunto realizado para a investigação. “Tiramos dois traficantes de crack que atuavam na região do Centro de Taguatinga das ruas. É um caso importante também porque mostra unidade do departamento de polícia especializado com o circunscricional”, comenta. “É um trabalho que agrega eficiência maior ao combate ao crime no DF. Em cinco dias, essa investigação estava concretizada.”

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