O que era para ser uma viagem religiosa se tornou dor de cabeça para um grupo de 17 jovens no feriado da Independência. Eles compraram passagens pela metade do preço, por meio de uma empresa até então desconhecida. No fim das contas, onze bilhetes foram cancelados. A Polícia Civil investiga a situação e alerta: casos como este podem ser cada vez mais comuns se as pessoas não ficarem atentas.
O prejuízo total foi de quase R$ 8 mil: a maior parte paga aos acusados de estelionato e o restante à empresa aérea. As passagens foram compradas na segunda quinzena de julho. Toda a negociação começou depois que Marina (nome fictício) viu a promoção para Cuiabá na página do Facebook Quero Viagem – que depois mudou o nome para Meu Destino.
O preço no site das operadoras estava em pouco mais de R$ 500. Já a promessa da página era de desconto de 50% em qualquer trecho nacional. Assim, Marina não pensou duas vezes e levou a questão aos pais dos outros jovens que encaminhariam os filhos ao retiro evangélico na Chapada dos Guimarães. Depois de conversas por telefone e on-line, os pais fecharam negócio no fim de julho.
Porém, semanas depois, Marina recebeu mensagem de uma moradora de São Paulo com um alerta: a oferta era é um golpe e ela mesma teve um prejuízo de R$ 5 mil”. “Levei um susto. Na hora em que vi aquilo, falei com o atendente, que disse que estava tentando resolver o problema. A desculpa dele foi que isso teria sido uma ação do irmão dele”, explica.
A apreensão dela aumentou depois que o homem mudou de telefone e até mesmo de site. A essa altura, todo mundo já tinha feito depósito bancário – única forma de pagamento aceita. Porém, em contato por telefone, um atendente chamado Fábio acalmou os pais.
Como a desconfiança ainda existia, Marina foi ao aeroporto confirmar a compra. Segundo a Latam, todas as passagens tinham sido adquiridas. Mas, em setembro, ao fazer o check- in, o susto foi grande: dos 17 bilhetes comprados, seis haviam sido cancelados, com a desculpa de que a operadora do cartão teria rejeitado a compra, mesmo depois de mais de um mês. Aí, o único jeito foi negociar um preço com a companhia para que todos conseguissem embarcar.
PCDF investiga o caso
O caso foi registrado na Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf) da Polícia Civil. A investigação está em andamento e a corporação não aponta a identidade dos acusados nem possibilidade de o grupo reaver esse dinheiro. O delegado da Corf, Wisley Salomão, lembra que não é possível obter o valor por meio da delegacia, mas a Justiça pode conseguir a devolução de todo ou parte dele.
Apesar de não estar munido de dados sobre o assunto, o delegado percebe que esse golpe está mais comum. “Nem todos chegam à delegacia. Mas o que a gente nota é que recentemente houve registros de vários problemas com passagens aéreas. Ainda não sabemos se houve muitas promoções, mas as pessoas caíram com frequência neste tipo de golpe”, afirma.
Um dos pontos que podem facilitar a investigação do crime é o uso de contas bancárias que, no futuro, permitirão a identificação dos responsáveis ou, ao menos, dos envolvidos.
Apesar do estranhamento de Marina em relação ao cancelamento dos bilhetes mais de um mês depois da compra, esse procedimento seria comum da empresas aéreas. O delegado comenta que, se a companhia perceber que o cartão pode ter sido roubado ou clonado, ela, em geral, cancela a compra mesmo após semanas. O intuito é não causar um prejuízo maior ao consumidor. A estimativa é de que tenha sido esse o caso sofrido pelo grupo de amigos.