Do G1-DF

Criança foi encontrada no Guará e passa bem. Sequestradora é estudante de enfermagem de 25 anos.

A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu uma mulher suspeita de sequestrar um bebê de 12 dias que desapareceu de um dos quartos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) nesta terça-feira (6). O bebê foi encontrado no Guará nesta quarta-feira (7). Ele passa bem e foi encaminhado ainda pela manhã novamente para o Hran.

Foi uma parente da sequestradora quem a denunciou à polícia. A mulher presa, uma estudante de enfermagem de 25 anos, chegou à delegacia por volta das 10h43. Ela estava com um lenço na cabeça. Segundo testemunhas, a sequestradora usava “vestido florido” quando levou a criança de dentro da maternidade.

Uma mulher que se identificou como tia da sequestradora disse que foi enganada pela parente por nove meses e que ela usava barriga falsa. Segundo a tia, a situação é “constrangedora”.

“Fizemos chá de bebê. Só sei que ela saiu ontem [terça] para ganhar o bebê. Ninguém acompanhou ela. Só saiu para fazer consulta no médico e o bebê apareceu hoje”, afirmou. Ela não informou o nome.

“A minha sobrinha estava grávida pra nós. Ela estava grávida, fazendo pré-natal.”

“Ela morava na minha mãe. Ontem o marido desceu com os cachorros, e ela foi para o posto. Quando foi 14h, ela fez uma foto do bebê sequestrado.”

Um dia depois
A Secretaria de Saúde informou que o bebê perdeu 470 g entre um dia e outro. “Uma perda considerada expressiva para a idade”, afirmou a pasta. Logo que chegou estava choroso, mas a mãe o amamentou e se tranquilizou.

A pasta informou que iria apurar se o fato de ela ser estudante de enfermagem ajudou o acesso dela ao hospital. Segundo a secretaria, pelo menos de 2014 para cá, não há nenhum registro de a sequestradora ter sido funcionaria ou estagiária do Hran.

“Vamos analisar quais os subterfúgios utilizados nesse evento adverso, nessa saída do bebê, para decidir quais serão as mudanças de protocolo efetivo.” De acordo com o diretor-geral do Hran, José Adorno, a direção foi noticiada do desaparecimento da criança por uma supervisora de enfermagem, por volta do meio dia. Ele admitiu o sequestro, mas não soube informar como o bebê foi levado.

“Era um alojamento conjunto, onde as mães ficam com o bebê. Quando foi procurada pelo serviço de enfermagem para retirada de um acesso na veia, a criança não foi encontrada”.

Funcionários e pacientes disseram ao G1 que o sequestro aconteceu em meio a um “dia de beleza” na instituição – quando pacientes recebem serviços de manicure, cabeleireira e maquiagem.

As testemunhas relataram que a mãe, uma jovem de 19 anos, aguardava em uma fila no corredor, próximo ao quarto e, de repente, percebeu que a criança tinha sido sequestrada. Aos funcionários do hospital, a mãe disse que viu “a presença suspeita de uma mulher de vestido florido” e que acreditava que ela pudesse ter levado o bebê.

Estado de saúde do bebê
A direção do Hran disse que a criança nasceu na Estrutural e foi levada para o hospital para tratamento. No entanto, não pode dizer a causa da internação porque o diagnóstico é sigiloso.

“A criança estava com o acesso venoso no braço. Mesmo que seja retirado, é possível identificar em um dos membros.”

Ainda de acordo com o hospital, o acesso venoso seria retirado nesta terça, e mãe e bebê receberiam alta na quarta-feira (7).

Sobre a segurança do hospital, a direção afirma que na ala da maternidade, o segundo andar do Hran, há seis câmeras de segurança. Mas nenhuma registrou o momento, pois elas não gravam imagens. Funcionários apenas fazem o monitoramento.

“Temos 17 vigilantes por turno. As 28 câmeras estão instaladas, mas não fazem a gravação. Está em processo de licitação da empresa para gravação das imagens, mas houve um impedimento do TCDF”.

E as câmeras?
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) informou que, em 2016, fez uma auditoria para fiscalizar bens estocados da Secretaria de Saúde. O relatório final apontou que de 900 câmeras compradas, apenas 95 haviam sido instaladas. Segundo o TCDF, a análise preliminar mostra que os hospitais não possuem estrutura adequada para o monitoramento eletrônico.

“Na compra realizada, não foi prevista, por exemplo, a aquisição do switch, que é o equipamento que interliga as câmeras aos servidores e às estações de monitoramento”, diz o tribunal. O relatório de auditoria detalha ainda que “em visita e entrevista com gestores do Hospital Regional da Asa Norte – HRAN, verificou-se que foram efetivamente instaladas 20 câmeras no local. Contudo, pela falta de estrutura, as câmeras nunca entraram em funcionamento”.

Ainda de acordo com o TCDF, “o Relatório Final de Auditoria deste processo já foi concluído e deverá ser apreciado pelo plenário da Corte em breve”.

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