Brasília, 18 de março de 2012. Yusllayne Teixeira Reis, de 18 anos, voltava a pé do trabalho na Feira do Produtor de Vicente Pires para casa, na Cidade Estrutural. Ela queria economizar dinheiro para pagar o aluguel, mas nunca chegou à residência. A mulher, mãe de um menino de dois anos de idade, foi encontrada morta no dia seguinte com sinais de estupro. Ninguém sabia exatamente o que tinha acontecido até agora. Foi o sêmen deixado pelo agressor que esclareceu, cinco anos depois, a autoria do crime: um suspeito que violentou outras quatro mulheres e assassinou um homem.
Walker Fernandes Faraes também tinha 18 anos. À polícia, não demonstrou arrependimento e deu detalhes do dia do crime. Escolheu a vítima aleatoriamente, amarrou-a pelos braços com o cadarço da bermuda e armou-se com a faca que usava para descascar uma laranja para desferir 24 golpes nos seios, no pescoço, nas mãos e nas costas da mulher.
“Possivelmente ela se soltou e entrou em confronto. A primeira facada teria acontecido após uma mordida da vítima, Depois, ele a estrangulou com o mesmo cadarço”, revelou Viviane Bonato, chefe da Coordenação de Repressão a Homicídios da Polícia Civil.
Quando a vítima já estava morta, Faraes foi para casa tomar banho, trocou de roupa e voltou para o local do estupro para se desfazer do corpo. Usou uma escada para arremessá-lo pelo muro. No dia seguinte, quando a jovem foi encontrada, ele fugiu para Minas Gerais. Walker morava naquele terreno com o tio. Veio para o DF fugido de uma acusação de homicídio em Unaí, e poucos o conheciam na região, o que teria prejudicado as investigações. “Ele era anônimo nesse contexto”, explicou a delegada.
Cadastro idêntico
Dez homens, moradores das redondezas onde o crime ocorreu, foram levados pela Polícia Civil para comparar seus materiais genéticos com o sêmen encontrado na vítima. Todos foram descartados. No cadastro distrital também não houve nenhuma compatibilidade. Apenas no ano passado foi possível ampliar a busca a partir do Banco Nacional de Perfis Genéticos do DF, onde foi encontrado um cadastro idêntico.
Após análise, o resultado conferiu com o de Walker Fernandes Faraes, homem que já foi condenado por outros quatro estupros.
Vítimas em Minas Gerais
Os outros estupros cometidos por Walker Fernandes ocorreram fora do DF: um deles em Paracatu (MG), em 2011, e outros três em Unaí (MG). Ele estava preso em Belo Horizonte (MG) cumprindo pena de 19 anos e nove meses. Agora, pode ser condenado a até 30 anos por homicídio qualificado e estupro.
Este é segundo caso de crime desvendado neste mês com auxílio do Banco Nacional de Perfis Genéticos. De acordo com Samuel Ferreira, diretor do Instituto de DNA do DF, o Banco de Dados do DF tem sido bastante utilizado para a resolução de crimes. “Em 18 anos, identificamos 92 estupradores em série, que fizeram 252 vítimas, a partir de mais de 820 perfis genéticos coletados. Outros cerca de 500, que fizeram apenas uma vítima, também foram identificados pelo DNA”, contou.
Pastor preso
Na semana passada, o pastor e músico evangélico Renato Bandeira dos Santos, 30 anos, foi apontado como autor de pelo menos cinco estupros no DF após compatibilidade genética.
Ele havia sido preso em flagrante pelo mesmo motivo em Belo Horizonte, em junho de 2015, onde teve o DNA colhido e as informações cruzadas com os registros do banco nacional de dados. Foi a partir disso que as autoridades chegaram à conclusão de que ele era o autor dos crimes registrados no Distrito Federal. Os estupros ocorreram em 2014, em Taguatinga Norte e Sul.