Do Jornal de Brasília

O governador Rodrigo Rollemberg será investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suposto envolvimento no escândalo da farra das passagens, denunciado pelo jornal Folha de S. Paulo. O uso de passagens aéreas reservadas a deputados por terceiros causou prejuízo de R$ 25,5 milhões aos cofres públicos – com a correção dos valores, a sangria chegaria a R$ 42 milhões nos dias atuais. As suspeitas contra Rollemberg foram encaminhadas à Côrte pelo Ministério Público Federal (MPF), já que só o STJ pode investigar governadores.

O atual governador do DF era deputado federal entre 2007 e 2009, época em que os parlamentares emitiram milhares de bilhetes aéreos com recursos da Câmara para familiares, amigos e desconhecidos. De acordo com o MPF, a cota de passagens só poderia ser usada pelos próprios deputados. Não há informação de quanto foi gasto por Rollemberg, nem quem foram os beneficiados pelas supostas viagens irregulares. Ao jornal paulista, Rollemberg se limitou a afirmar que usou a cota apenas em atividades parlamentares. “Em nenhum momento foram expedidas passagens para familiares”, disse, em nota.

A lista de denunciados pelo MPF inclui, além do nome de Rollemberg, 443 deputados, os governadores Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Jackson Barreto (PMDB), de Sergipe; e Suely Campos (PP), de Roraima, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Maurício Quintella (Tramsportes), Fernando Coelho (Minas e Energia), Mendonça Filho (Educação), Raul Jungmann (Defesa), Bruno Araújo (Cidades) e Leonardo Picciani (Esportes). A investigação sobre a participação dos ministros, senadores, deputados federais e ministros do Tribunal de Contas da Uniâo (TCU) no escândalo estará a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF).

Lista eclética

Um dos campeões da farra de passagens é o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que em dois anos distribuiu 306 bilhetes aéreos, média de um a cada dia, com gastos, à época, de R$ 208,8 mil, ou de R$ 343,3 ml em valores atuais.

Já Luciana Genro (Psol-RS) reservou 223 bilhetes para terceiros, gastando R$ 199,4 mil entre 2007 e 2009, valores que hoje chegariam a R$ 319,4 mil. Números parecidos com os de Cândido Vacarezza (PT-SP), ex-líder dos governos Lula e Dilma, que concedeu 231 passagens a tercerios, mas com custo de R$ 9,4 mil (ou R$ 150,2 mil nos valores de hoje).

A investigação começou em 2006, com a descoberta que alguns gabinetes negociavam as passagens da cota para agências de turismo, mas só avançou quando as companhias Gol e TAM forneceram a lista de bilhetes emitidos para terceiros por solicitação dos deputados. A lista contemplava cerca de 112 mil registros de transferências ilegais do benefício.

Os implicados devem responder pelo crime de peculato. Se julgados e condenados, podem receber de dois a 12 anos de prisão, mais multa.

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