Com a suspensão do SVG, a PCDF decidiu escalar agentes de polícia das delegacias especializadas para plantões | Foto: Comunicação Sinpol-DF

Unidades especializadas da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que atuam no combate a crimes de corrupção, tráfico de drogas e na desarticulação de organizações criminosas terão as investigações comprometidas ou praticamente paradas durante o mês de fevereiro.

Isso porque o Departamento de Polícia Especializada (DPE) da PCDF publicou uma Ordem de Missão (nº 1/2022) na última segunda, 17, determinando que os policiais civis lotados nas delegacias especializadas sejam escalados durante todo o mês de fevereiro para cobrir o plantão nas unidades circunscricionais, uma vez que não haverá servidores o suficiente para atender às demandas da população.

A medida atinge, ainda, as delegacias que investigam crimes cibernéticos, de discriminação, contra o patrimônio e outros de alta complexidade.

Essa foi uma solução paliativa que a PCDF encontrou para minimizar os danos ao atendimento nas delegacias neste mês, já que os policiais civis deliberam em assembleia convocada pelo Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), em janeiro deste ano, pela suspensão do Serviço Voluntário Gratificado (SVG) durante todo o mês de fevereiro.

Atualmente, as delegacias só funcionam por 24 horas por causa do SVG, implantado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) no início do mandato no Governo do Distrito Federal (GDF). Até 2019, o funcionamento de 14 delegacias parava às 19h e não havia expediente aos fins de semana, resultado direto da alta defasagem no efetivo: hoje, seriam necessários quase cinco mil servidores para que se chegasse ao quadro ideal, de aproximadamente nove mil policiais civis. Por causa desse déficit, o serviço voluntário foi implantado.

A suspensão do SVG em fevereiro foi uma estratégia que os policiais civis adotaram para pressionar o GDF a atender às principais demandas da categoria: a recomposição salarial, a regulamentação da assistência à saúde, a complementação do auxílio-alimentação e o auxílio-uniforme.

Para o presidente do Sinpol-DF, Alex Galvão, quem mais sofrerá com o remanejamento de policiais civis, infelizmente, será a população do DF. Segundo ele, deslocar servidores de unidades da PCDF especializadas na desarticulação de criminosos de alta periculosidade causará sérios prejuízos nas investigações e representará grave ameaça à segurança dos cidadãos.

“A PCDF enfrenta, há anos, um grave problema no quadro de pessoal: quase 60% dos cargos estão vagos. Esses policiais, naturalmente, já estão trabalhando em sobrecarga, mas, ainda assim, têm mantido os índices de solução de crimes da Polícia Civil entre os maiores do país. O que a categoria busca é valorização e reconhecimento desse trabalho”, explica.

Ainda de acordo com o dirigente sindical, descolar agentes de polícia das delegacias especializadas para atuar nas unidades circunscricionais representará um congelamento nas investigações. “Brasília, que nunca viu organizações criminosas se instalarem, será entregue às facções e se tornará uma cidade em que criminosos poderão sair impunes. Teremos muitos dias de risco à população do DF”, afirmou Galvão.

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