Vítima não resistiu ao assalto e mesmo assim foi morta pelos criminosos (Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles)

Da Assessoria de Imprensa

Foi assassinada por volta das 23h30 da última terça-feira, 8, a servidora do Ministério da Cultura e jornalista Maria Vanessa Veiga Esteves. A vítima tinha 55 anos. O crime aconteceu durante um assalto na quadra 408, da Asa Norte, no Plano Piloto.

O caso tem gerado grande comoção, sobretudo pelas circunstâncias da morte da servidora pública: mesmo tendo entregado a bolsa sem resistir, os criminosos a atacaram covardemente.

“Se depender do Governo de Brasília, esse tende a ser apenas mais um caso, pois, ultimamente, a principal política de Segurança Pública da administração capitaneada pelo governador Rodrigo Rollemberg e pelo secretário Edval Novaes é sentar à mesa e apresentar números; analisar dados para apontar que os latrocínios diminuíram em um intervalo de tempo; levar a população a acreditar que este caso foi apenas mais um”, denuncia Rodrigo Franco Gaúcho, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF.

A 2ª Delegacia de Polícia (DP), que atende a área onde a servidora do Ministério da Cultura foi assassinada está há quase um ano sem funcionar à noite e aos finais de semana, pois não tem efetivo para isso.

Na semana passada, o comerciante Clodoaldo Alencar, de 47 anos, foi assassinado da mesma maneira, em Sobradinho. “No dia do assassinato do comerciante, as investigações não puderam começar imediatamente porque o plantão funciona com o efetivo baixo. Há apenas três investigadores trabalhando neste caso, mas eles também apuram centenas de outros crimes como homicídios e roubos naquela região”, conta Gaúcho. “Mesmo assim, o GDF tenta passar para a sociedade a falsa impressão de que a criminalidade está contida ou diminuindo. Não está. E essa realidade é sentida na pele pela população”, completa.

O Distrito Federal receberá ao fim deste ano cerca de R$ 13 bilhões por meio do Fundo Constitucional, criado para custeio da Segurança Pública. No ano que vem, esse montante crescerá em 4,7%.

“Mesmo com essa quantidade de recursos – que é maior que o orçamento de muitos estados brasileiros – o Governo de Brasília tem, deliberadamente, diminuído os investimentos em Segurança Pública. A administração maquia os orçamentos apresentados e não os executa conforme aprovados; o governo também maquia os dados da violência. O Sinpol-DF tem há muito tempo denunciado as consequências dessas medidas para a estabilidade da Segurança Pública do DF. A Polícia Civil do DF (PCDF) tem, sobretudo, transformando-se em um órgão burocrático quando se ocupa, basicamente, em registrar a ocorrência e perdido o foco na investigação criminal”, pontua o presidente do Sinpol.

Grande parte dos policiais civis está, hoje, presa nos plantões, atendendo filas intermináveis, apenas produzindo um documento. Os poucos que restam não têm a mínima condição de sair às ruas para iniciar imediatamente a investigação e capturar os bandidos.

Há outra parte do efetivo nas seções administrativas, trabalho que poderia ser desenvolvido por servidores da carreira de apoio policial. “Aqueles que, de fato, estão nas seções de investigação trabalham exaustivamente para cobrir os colegas que adoecem em razão da sobrecarga de trabalho. A isso se somam os outros 300 policiais civis que trabalham no sistema penitenciário em desvio de função”, denuncia o sindicato.

Assim, diante do desvio de verbas federais que deveriam ser alocadas na Segurança Pública da Capital Federal e da falta de políticas para a área, aliados à má gestão, a população está fadada a ver e sentir crimes como estes virarem “rotina”.

“Para Rollemberg e seus assessores tudo é tratado como números e estatísticas. Eles têm de explicar isso para os amigos e familiares de Maria Vanessa, Luis Cláudio Rodrigues e de Clodoaldo Alencar”, finaliza Rodrigo Franco.

Filiação