Latrocínio ou homicídio? Só uma investigação qualificada poderá dizer

Do Contexto Exato

Segundo relatos de testemunhas, ele entrou no estabelecimento comercial para encontrar com amigos que trabalham lá enquanto os bandidos abordavam os demais clientes e foi surpreendido pelos tiros.

José Carlos já havia sido assaltado nesta semana. A dupla responsável pelo crime – dois adolescentes – haviam atirado em outro cliente da pizzaria que tentou reagir e já tinha roubado mais seis pessoas que estavam perto do local.

Apenas o trabalho de investigação criminal dos policiais civis é capaz de desvendar todas essas questões. Somente por meio das técnicas de inteligência que o cercam é que será possível distinguir entre um fato e outro, dentro de toda a dinâmica do fato, qual foi exatamente o crime que ocorreu.

Isso será fundamental na tipificação do crime e na dosimetria da pena que será aplicada aos responsáveis, tão logo eles sejam encontrados.

Entretanto, com a criminalidade atingindo índices estratosféricos – Brasília está próxima de registrar um milhão de crimes apenas nos últimos três anos – e um efetivo de policiais civis defasado em mais da metade, casos como o do estudante estão cada vez mais difíceis de serem desvendados.

Desse total de crimes que vem se acumulando na capital federal, apenas 5% tem desfecho imediato, ou seja, quando há a prisão em flagrante. Os 95% restantes dependerão do trabalho desenvolvido pelos policiais civis para levar os responsáveis a responder na Justiça pelos crimes que cometeram.

Essa é a consequência direta do sucateamento que o Governo do Distrito Federal (GDF) vem promovendo, deliberadamente, na Polícia Civil do DF (PCDF): a situação se respalda não só na desvalorização e desmotivação dos policiais civis, mas, sobretudo, na precarização da PCDF decorrente da redução drástica nos investimentos e do fechamento das delegacias, como o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) fez nos últimos anos.

Na ponta desse problema, está o cidadão comum que, apesar de não ter culpa da gestão irresponsável de Rollemberg na Segurança Pública, é quem mais sofre com as consequências.

* Thallys Mendes Passos é Agente de Polícia Civil e diretor de Comunicação Adjunto do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF)