A greve dos servidores da Companhia Energética de Brasília (CEB) acabou, mas as demais paralisações que preocupam a população do DF, como dos funcionários do Metrô e dos policiais civis, ainda não parecem ter solução. A primeira categoria agora espera decisão na Justiça e a segunda aguarda avanço nas negociações com o Governo do Distrito Federal. Há ainda a situação dos terceirizados do setor de limpeza. Os empregados da empresa Ipanema continuam sem receber o salário de outubro.
A greve dos trabalhadores da CEB durou 10 dias e foi sentida pela população, principalmente devido ao temporal que atingiu o DF no último dia 8 — na ocasião, o número de pedidos de emergência chegou a quase 2,8 mil. A categoria decidiu retornar ao trabalho em assembleia realizada na manhã de ontem, na sede da empresa de energia no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).
Os trabalhadores aceitaram a última proposta intermediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10). Nela, o executivo ofereceu um acréscimo de R$ 140 nos salários e a mudança no valor do vale-alimentação, que passou de R$ 1.060, para R$ 1,3 mil. Além disso, ficou garantido o abono de metade dos dias parados durante o movimento. “Não conseguimos reverter todas as perdas salariais dos últimos três anos, mas decidimos aceitar a proposta. Todos já voltaram às atividades”, garantiu Alairton Gomes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Distrito Federal (STIU/DF).
Espera
A volta total dos trabalhadores da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô) agora ficará a cargo da Justiça. Empresa e trabalhadores não entraram em acordo e o Executivo ingressou com ação contra a paralisação. Com isso, até a análise das defesas pelo TRT-10, o funcionamento do serviço permanece com o esquema dos demais dias de paralisação. Ao todo, 18 trens circulam apenas nos horários de pico, das 6h às 10h e das 16h30 às 20h30. A estimativa é de que os passageiros aguardem cerca de sete minutos entre um trem e outro. Em dias normais, o intervalo é de três minutos e meio.
Na Galeria dos Estados, os usuários se depararam com os dois acessos à estação fechados fora dos horários de pico. Moradora de Águas Claras, Maína Castro, 28 anos, pensou que o movimento dos metroviários havia cessado, mas encontrou o terminal fechado. Ela reclamou que “parece não existir preocupação em garantir o serviço para a população.”
Os metroviários exigem a contratação de mais de 600 aprovados em concurso de 2014 e o pagamento de reajuste salarial de 8,41%, em atraso desde 2015. O Executivo garante que vai autorizar a nomeação imediata de 63 candidatos. A greve completa nove dias.
Outras categorias
No caso dos policiais civis, o sindicato aguarda o agendamento de uma reunião com Executivo intermediada pelo líder do governo na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputado Agaciel Maia (PR). A decisão foi tomada em uma assembleia feita na última terça-feira e um novo encontro da categoria ainda deve ser agendado para definir os rumos do movimento. Eles reivindicam o aumento salarial de 37%, o mesmo concedido à Polícia Federal. A Casa Civil garante que, desde 2015, fez mais de quatro propostas, mas a categoria recusou. “A pasta esclarece que não é possível arcar com novos reajustes sem uma nova fonte contínua de receitas.”, ressaltou em nota o GDF.
Na rede de saúde, ao menos 700 terceirizados de limpeza da empresa Ipanema, estão com parte das atividades paradas. No Hospital Materno Infantil de Brasília, nos Hospitais Regionais de Ceilândia, Guará, Brazlândia e Taguatinga (HRGU) é mantido o efetivo de 30% dos trabalhadores, priorizando a manutenção das áreas prioritárias e de emergências. “A categoria somente vai voltar com o pagamento”, afirma a secretária-geral do Sindicato dos Empregados em empresas de conservação e serviços terceirizados (SindiServiços), Andréa Cristina da Silva.
A Secretaria de Saúde informou que trabalha para quitar a dívida e está aguardando dotação orçamentária para realizar o pagamento. “A previsão é que o pagamento seja realizado até o fim da semana”, destaca a nota.