Do Diário de Ceilândia

O mais recente relatório do Fórum Nacional de Segurança Pública demonstra que o Distrito Federal tem vivido uma crise sem precedentes, com um elevado número de homicídios, assaltos, roubos, estupros…

Um estudo feito pelo Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal mostra que, quando se analisa a relação entre o número de crimes por 100 mil habitantes, o Distrito Federal tem, em alguns itens, taxas iguais ou maiores aos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

De acordo com o relatório do Fórum, datado de outubro último, a taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) – decorrentes de crimes como homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte – no DF, em 2015, foi de 23,8 mortes a cada 100 mil habitantes. Em 2016, esse número foi de 22,1.

Apesar da redução discreta, o Distrito Federal está à frente de São Paulo, que apresentou, naqueles dois anos, as taxas de 11,7 e 11,0 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, respectivamente. Em Minas Gerais, as taxas foram de 20,9, em 2015, e 20,8 em 2016.

“O GDF tem colocado como política principal da área a manipulação dos dados da criminalidade, enquanto a população sente, nas ruas, que a violência se instaurou na capital federal”, afirma o presidente do Sinpol, Rodrigo Franco “Gaúcho”.

HOMICÍDIOS DOLOSOS

Quando os crimes são detalhados, o DF continua na vanguarda da violência: os casos de homicídio dolosos, por número de vítimas e ocorrências, resultaram em uma taxa de 21,2 casos por 100 mil habitantes em 2015 e 19,7 casos em 2016.

Nesse item, São Paulo registrou taxas, respectivamente, de 8,5 e 7,9; Minas Gerais, 19,3 e 19,2. O DF ultrapassou, ainda, o estado do Paraná onde, em 2015 e 2016, a taxa de homicídios dolosos por 100 mil habitantes foi de 11,0 e 12,4.

Já quando se analisam os casos de latrocínio, em número de vítimas, a capital do país ganhou do Rio de Janeiro em 2015 e empatou em 2016. No DF, a taxa desse crime por 100 mil habitantes foi de 1,6 em 2015 e 1,4 em 2016. No RJ, esses números são, respectivamente,0,8 e 1,4; em Minas Gerais, 0,6 nos dois anos. São Paulo registrou as taxas de 0,8 também nos dois anos.

O DF superou até mesmo a média nacional: as taxas do país foram de 1,2 em 2015 e 1,3 em 2016, quando se analisa o número de vítimas. Quanto ao número de ocorrências, o Brasil registrou, em média, 1,1 casos a cada 100 mil habitantes em 2015 e 1,2 casos em 2016.

ESTUPRO

Os crimes de estupro e tentativa, no DF, aumentaram nos dois anos analisados pelo Fórum: foram 21,4 estupros a cada 100 mil habitantes em 2015 e 22,4 em 2016. As tentativas representam taxas de 2,6 e 2,7, respectivamente.

No Estado de São Paulo, as taxas são de 20,9 e 22,5 estupros consumados a cada 100 mil habitantes. No caso das tentativas, o estado passou o DF na taxa de 2015 – 3 casos a cada 100 mil habitantes -, mas empatou em 2016, quando a taxa atingiu 2,7.

Em Minas, os casos consumados de estupro resultaram nas taxas de 19 casos por 100 mil habitantes em 2015 e 18,7, em 2016. As tentativas apresentaram taxas de 2,1 e 1,8, respectivamente.

O Rio de Janeiro registrou, em 2016, uma taxa de 2,5 tentativas de estupro a cada 100 mil habitantes.

VEÍCULOS

Nos casos de roubo e furtos de veículos, classificados como crimes violentos não letais contra o patrimônio, o Distrito Federal teve, nos anos de 2015 e 2016, taxas maiores que a média nacional. Enquanto a capital federal registrou 684,9 casos de roubos e furtos de veículos por 100 mil habitantes em 2015 e 747,3, em 2016, o país registrou, respectivamente, taxas de 568,4 e 588,2.

O DF também venceu de Minas Gerais, onde as taxas são de 396,4 e 416,7, respectivamente; do Paraná, onde esses números são de 377,2, em 2015, e 459,6, em 2016 e ainda ganhou de São Paulo em 2016: o estado registrou, no período, 691,1 roubos e furtos de veículos a cada 100 mil habitantes.

ATLAS DA VIOLÊNCIA

A situação do DF em relação a estados maiores e mais populosos também já havia sido antecipada pelo Atlas da Violência – 2017, divulgado em junho deste ano. O estudo foi produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum de Segurança Pública, e analisa os números e as taxas de homicídio no país entre 2005 e 2015, detalhando os dados por regiões, Unidades da Federação e municípios com mais de 100 mil habitantes.

Ainda que o Distrito Federal tenha apresentado redução no acumulado dos anos, quando se observa o último ano analisado pelo levantamento, a capital do país apresenta uma situação preocupante.

No DF, em 2005, a proporção de homicídios por arma de fogo entre todos os casos de homicídio foi de 68,8; em 2015, foi de 66,0. Em São Paulo foi de, respectivamente, 66,4 e 60,1.

Já a taxa de homicídio por arma de fogo a cada 100 mil habitantes no DF, de acordo com o Atlas da Violência, era de 19,4 em 2005. À época, Minas Gerais apresentava taxa de 16,1; São Paulo, de 14,3. Em 2015, essas taxas foram de 16,8 no DF, 15,4 em Minas Gerais e 7,0 em SP.

JOVENS

Ainda mais preocupante é analisar a taxa de homicídios por 100 mil jovens homens na faixa etária de 15 a 29 anos de idade.No Distrito Federal, a taxa foi de 112,1 casos. Em Minas Gerais, à época, foi de 85,2 e em São Paulo, 80,0.

Em 2015, a taxa de homicídios por 100 mil jovens homens do DF foi de 91,7, maior que a de MG (85,6) e bem maior que a de São Paulo (40,0).

Quando se analisa o mesmo cenário sem a especificação de gênero masculino, a taxa de homicídios por 100 mil jovens, com idade entre 15 e 29 anos, na capital federal foi de 57,0 em 2005. Nesse mesmo ano, a taxa em São Paulo foi de 43,3 e em Minas Gerais, 46,3.

Já em 2015, o DF apresentou uma taxa de 47,6, enquanto Minas Gerais tem taxa de 46,8 e São Paulo, 21,9.

 

 

 

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