A reportagem especial apresentada no programa Fantástico, da Rede Globo, neste domingo, 22, mostrou a frágil situação em que se encontram as Polícias Civis em vários estados. Falta de efetivo, infraestrutura precária, delegacias fechadas e baixa produtividade foram os aspectos destacados.
A situação não muda na capital da República: o sucateamento da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) teve um incremento nos últimos anos.
A PCDF, hoje, tem uma defasagem de 4 mil cargos. A população de Brasília triplicou e o efetivo é menor do que o da década de 90. Em razão disso, pela primeira vez na história do DF, cerca de 20 delegacias que atendiam à população por 24 horas foram fechadas à noite e aos finais de semana. Aquelas que ainda funcionam mantém uma equipe reduzida a três ou quatro agentes de polícia, quando deveriam contar com, pelo menos, oito. Em várias delas, os agentes e escrivães acabam exercendo as atribuições dos delegados, em desvio de função, o que é ilegal.
Delegacias sem infraestrutura ideal precarizam o atendimento à população e facilitam a incidência de suicídios nas celas. Entretanto, a pior consequência desse desmantelamento da Polícia Judiciária é a impunidade e o aumento da criminalidade. Ao deixar de investir na investigação, o GDF permite que criminosos continuem impunes. A falta de produção de provas acarreta o aumento da criminalidade, inclusive nos crimes de colarinho branco.
A reportagem destacou, contudo, a figura do delegado, quando na verdade há a necessidade de se investir em todos os cargos. A investigação tem natureza multidisciplinar e requer a expertise em diversas áreas do conhecimento, que se completam.
A reportagem deixa clara a burocracia da Polícia Judiciaria, o que a torna ainda menos eficiente. Desta forma, crucial é discutir novos modelos mais eficientes para o atendimento à população.
O Distrito Federal receberá, em 2017, R$ 13 bilhões por meio do Fundo Constitucional, dinheiro que deveria ser investido, prioritariamente, em Segurança Pública. Entretanto, o governo local desvia esses recursos federais, alocando-os em outras áreas. Essa tem sido uma das causas do sucateamento da PCDF.