Do Metrópoles

Uma declaração dada pelo chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, nesta segunda-feira (2/10), incendiou a já conturbada relação do governo com os policiais civis do DF. Durante entrevista para falar que o GDF havia saído das restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Sampaio fez duras críticas à jornada de trabalho de alguns servidores do GDF, como os da Secretaria de Saúde e os policiais civis. A reação da categoria — que desde o ano passado briga pela equiparação salarial com a Polícia Federal — foi imediata e obrigou o chefe da casa Civil a se desculpar logo nas primeiras horas desta terça (3).

No dia anterior, Sampaio afirmou que os policias têm uma jornada de seis horas e que, às vezes, não cumprem a carga horária. “Então, eu acho que a sociedade tem que se envolver. Saber que cada vez que se reduz a jornada de trabalho, está sendo tirado recurso do bolso dos contribuintes. São mais impostos que precisamos pagar para manter esses serviços públicos”, disse.

O Sindicato dos Policiais Civis do DF divulgou uma nota de repúdio. “Além de trabalharem durante 35 horas semanais, os servidores participam de diversas operações, acordando durante a madrugada para prender criminosos, bem como são escalados para reforçarem os plantões das delegacias, haja vista o efetivo atual ser menor do que havia em 1993, quando a população do Distrito Federal era três vezes menor”, diz o texto.
Além disso, os policiais realizam campanas que podem durar dias, acompanhamentos que podem atravessar a noite, interceptações durante a noite, finais de semana e feriados. As operações para cumprimento de mandados de prisões e de busca e apreensão normalmente têm início às 4 horas da manhã e as equipes permanecem em diligências por 10 ou 12 horas.”

Sinpol-DF

A Direção-Geral da Polícia Civil também se manifestou. Reforçou que “mesmo abatidos pelo cenário econômico que afasta, por ora, a legítima paridade remuneratória da PCDF com a Polícia Federal”, os policiais civis têm demonstrado alto grau de comprometimento com a população do Distrito Federal, elucidando crimes graves e realizando operações de relevância. Destacou, ainda, que a fala do secretário é incompatível com os resultados que estão sendo apresentados e com o controle de criminalidade.

Retração e alfinetada

Ao participar do programa “Bom Dia DF” nesta terça, Sampaio pediu espaço para fazer uma correção. Ele admitiu ter errado ao declarar que os policiais trabalhavam seis horas, uma vez que por lei, a carga horária da corporação é sete horas por dia. Para tentar consertar a crise gerada, elogiou o trabalho da Polícia Civil. Porém, não perdeu a oportunidade de alfinetar a categoria.

“São grandes profissionais, temos grandes operações, mas o que não é razoável é termos faixas nas portas das delegacias dizendo que estão fechadas porque o governo não tem gestão, não tem pessoal para trabalhar. O que eu disse é que é uma incoerência você manter as delegacias fechadas em alguns horários e ter uma jornada reduzida”, afirmou.

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