Foto: Myke Sena

Daniel Cardozo
Especial para o Jornal de Brasília

A falta de desfecho nas investigações de crimes deixa perguntas sem resposta e famílias angustiadas. Delitos em que a polícia não apresenta culpados ocorrem todos os dias, a exemplo do suposto racha na L4 Sul que vitimou mãe e filho há exatamente um mês, e o assassinato da estudante Jéssica Leite, que completará um ano no próximo dia 14. O Sindicato dos Policiais Civis revela que, atualmente, apenas em torno de 30% dos homicídios são solucionados.

Com menos de 30 dias de inquérito, a comprovação do racha ainda não está oficializada, apesar de elementos importantes recolhidos na investigação, como os relatos de testemunhas. O que falta são os laudos técnicos, que determinarão a que velocidade estavam os carros suspeitos que vitimaram Cleusa Maria Cayres e Ricardo Clemente Cayres. Os suspeitos, o advogado Eraldo José Cavalcante Pereira e o bombeiro militar Noé Albuquerque de Oliveira, não foram presos em flagrante porque deixaram o local do crime.

Pelo menos duas semanas foram dedicadas aos depoimentos, e a conclusão do inquérito precisa ocorrer até a sexta-feira, 2. Ainda assim, a Polícia Civil já considera a possibilidade de pedir na Justiça a extensão do prazo legal, caso os peritos não consigam entregar os resultados até lá.

A respeito do homicídio da estudante Jéssica Leite, a Divisão de Comunicação da PCDF informou por nota que as investigações continuam. O crime ocorrido em 14 de junho de 2016 não teve qualquer desfecho até hoje, apesar de a corporação afirmar à época que os autores já haviam sido identificados. Jéssica foi morta com uma facada no peito em um caso com circunstâncias confusas. A relação com o tráfico de drogas e mesmo a possibilidade de que a vítima conhecesse o homem e a mulher que a abordaram não foram esclarecidas. Há quase um ano não é divulgada qualquer informação.

Foto: Reprodução
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Marcas para toda a vida

O desfecho nas investigações representa um passo importante na recuperação das famílias. A viúva de Ricardo Cayres, Fabrícia Gouveia, aguarda a punição dos culpados. Apesar de considerar a situação irremediável, ela ainda espera que o desfecho do inquérito sirva de alerta para outros motoristas evitarem o consumo de álcool.

“Independentemente de racha ou de consumo de bebida, ocorreu um crime que deixou marcas na minha família. Não é preciso perícia para provar que eu perdi meu marido e minha sogra. Não gostaria de imaginar uma hipótese de impunidade. Confiamos que vai dar certo, apesar de sabermos que muitos casos de acidente acabam sem desfecho positivo para as famílias das vítimas. Parece que se tornou um crime socialmente aceito”, desabafou.

Faltam policiais

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-DF), há um déficit de 50% no efetivo atual. Isso interfere diretamente na rotina das delegacias do DF. Além disso, os problemas se repetem em relação a armas, veículos e equipamentos.

O presidente do Sinpol, Rodrigo Franco, vai além. Segundo o dirigente, a produtividade da PCDF está caindo. “Em 2009, a taxa de resolução de homicídios estava acima de 80%. Hoje está por volta de 30%. A falta de efetivo é vital para o atraso de investigações”, criticou.

A Divisão de Comunicação da Polícia Civil não respondeu ao Jornal de Brasília sobre a relação entre a queda na taxa de resolução de crimes e o déficit no efetivo.

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